A vacina estava agendada para as nove da manhã, mas 15 minutos antes da hora marcada, Fernanda Montoya, 79 anos, já estava pronta para a receber. «Sou cliente desta farmácia há quase 50 anos. É muito mais prático vir aqui, porque escuso de andar de transportes públicos. Moro aqui ao lado e é sair de uma porta e entrar noutra», explica a primeira utente da manhã deste primeiro dia de campanha de vacinação sazonal.
Dentro do gabinete de atendimento, o farmacêutico Gonçalo Freitas já está preparado. Bata abotoada, luvas colocadas e, nesta vacina de estreia, máscara colocada. «É uma paciente de risco, que fez uma operação ao coração há relativamente pouco tempo», justifica, «e, por isso, tem indicação para fazer um intervalo entre as duas vacinas. Hoje vai ser só a da gripe».
Enquanto o farmacêutico ultima os pormenores, Fernanda repete, em direto para uma rádio nacional, os argumentos que a fizeram escolher ser vacinada na farmácia: proximidade e confiança. E, subitamente, tão rapidamente como começou, o processo chegoau ao fim e Fernanda Montoya foi para a área de recobro, como mandam as regras.
«Quis ser logo a primeira a ser vacinada, assim evito filas e confusões no futuro», diz Fernanda, apontando aos vários utentes que, entretanto, chegaram à farmácia para também serem vacinados.
É o caso de Maria da Glória Almeida, de 79 anos, que vai caminhando para o gabinete sob o braço protetor de Gonçalo Freitas. «São as duas vacinas?», pergunta o farmacêutico. «Sim, as duas», responde a utente, enquanto despe o casaco de malha azul e arregaça as mangas da blusa. Braço direito desinfetado, vacina administrada, penso rápido no local; braço esquerdo idem idem, aspas aspas. Tudo muito rápido «e sem dor», explica Maria da Glória. «No braço esquerdo nem senti a agulha. No direito, senti a entrar, mas não doeu nada».
A administração de vacinas não é uma novidade para Gonçalo Freitas. Já o faz há vários anos e, em contexto de campanha de vacinação sazonal, a experiência do inverno passado permitiu tornar todo o processo mais eficaz. «Todos nós que estamos a vacinar estamos habilitados e certificados para fazer esse trabalho. Estamos super à-vontade com esse procedimento. No ano passado foi uma novidade e correu muito bem, e este ano é continuar da mesma maneira», sentencia.
Depois de Fernanda e Maria da Glória foi a vez do casal Maria e Amândio Silva, de 77 e 78 anos, também clientes da farmácia nos outros dias do ano. «Moramos a 5 minutos daqui, é muito mais prático», concordam. E depois Raul Carvalho, de 67 anos, que recebeu um SMS sobre a possibilidade de se vacinar na farmácia quando estava nas redondezas e decidiu ir, de imediato, agendar a vacinação. E ainda Maria Francisco, de 75 anos, que já tinha feito a dupla vacinação na farmácia no outono de 2023 e a experiência positiva foi suficiente para repetir a estratégia este ano. «É muito importante, principalmente para as quem está nesta faixa etária, porque muitas têm dificuldades em se deslocarem», explica, «e poderem ser vacinadas na sua farmácia facilita muito a vida às pessoas».