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1 março 2019
Texto de Maria João Veloso Texto de Maria João Veloso Fotografia de Miguel Ribeiro Fernandes Fotografia de Miguel Ribeiro Fernandes

Vamos falar de sexo?

​​​​​​​O bebé sente a sensação de prazer da mãe, sem perigos.

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A sexualidade «é um tema de abordagem difícil, até para nós profissionais. Mexe com limitações e educação», afirma a enfermeira Marília Pereira. Estudos sobre a sexualidade na gravidez indicam que no primeiro trimestre pode ocorrer uma diminuição da libido devido às alterações hormonais, enjoos e receio de aborto. Estes mitos levam muitos casais a evitar ter relações sexuais, explica a especialista em saúde materna, com tese de mestrado em sexualidade na gravidez.


Zara e Luís, casal Saúda de Portimão

No segundo trimestre a mulher sente-se bem com o corpo. A gravidez torna-se evidente, «já se percebe que não se trata apenas de uma gordurinha». Os companheiros gostam bastante desta fase. Pode dar-se até o caso de mulheres que nunca tinham experimentado o orgasmo o sentirem pela primeira vez nesta fase. Com o aumento do volume abdominal e os edemas no terceiro trimestre, a grávida já não se sente tão bem. A congestão pélvica pode dar desconforto. Já o companheiro tem medo de magoar e tocar no feto. Marília Pereira garante que não há perigo: «Não toca no bebé, está longe e muito bem protegido dentro da bolsa de águas». Ainda assim o receio subsiste.


O casal do Furadouro, Ana e Daniel procuram ter momentos a dois

A enfermeira explica que durante a relação sexual o feto sente as sensações de prazer da mãe, isso sim é que passa para o bebé. Nesta última fase há médicos que prescrevem relações sexuais com ejaculação, porque o esperma tem prostaglandinas, que ajudam na maturação do colo do útero. «Ter relações sexuais através de receita médica parece aos casais uma coisa pouco espontânea», reconhece a enfermeira.

Na prática clínica, Marília gosta de falar de sexualidade com os casais. «Ultrapassada a vergonha inicial, vejo que a conversa é bem acolhida, há dúvidas e as pessoas sentem-se bem por terem com quem desabafar».


Namorar cimenta a relação do casal do Fundão, Vera e Hugo

Nesta conversa é importante falar da mulher grávida e do companheiro ou companheira.  Ainda assim, prevalecem os mitos para os quais contribui a falta de comunicação entre o casal e uma certa crise de identidade. «Há uma série de papéis que estão a ser alterados para a mulher e para o homem», explica.

A infertilidade é também um pesadelo na vida de muitos casais. «Lembro-me de um casal que engravidou com técnicas de fertilização. Confidenciaram-me que a partir do momento em que tinham recebido o resultado do teste de gravidez tinham decidido parar de ter relações sexuais.» Este é um tema que deve ser falado as vezes que forem precisas para destruir os mitos que estruturam a própria sociedade. 
 
Marília Pereira foi uma das especialistas nas Conversas sobre Sexualidade, organizada pelo Museu da Farmácia no dia 31 de Janeiro.
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