Com os pés descalços e luvas volumosas começamos por nos sentir numa brincadeira de crianças. Mas por pouco tempo. As instruções são precisas: «directo, gancho, frontal!» E os movimentos de braços e pernas sucedem-se, em sequências sempre diferentes. Não há tempo para distracções. A concentração é total. E o stress dá lugar à adrenalina.
«A praticar Kickboxing consigo abstrair-me de todas as preocupações. Tenho de ficar mesmo focada e isso faz com que seja uma hora única no meu dia», confirma a actriz Sofia Arruda. Em criança, treinou a arte marcial Taekwondo até cinturão verde/azul. «Gostava muito e participava em competições, só que no início das gravações da série Super Pai tive de parar». O contrato assim o exigia. Sofia tinha então 12 anos. De lá para cá experimentou vários desportos — equitação, natação, surf, corrida — mas foi o Kickboxing que lhe conquistou total atenção e dedicação. «Há cerca de um ano, descobri o conceito fight for fitness [lutar por uma boa forma] e agora faz parte da minha vida».
O Kickboxing é uma modalidade desportiva que combina técnicas de punhos e de pernas. Nasceu em meados dos anos 70, nos Estados Unidos da América, da fusão entre vários estilos das Artes Marciais e alguns desportos de combate. «Adapta-se a todas as idades, promove a auto-estima, a concentração e a disciplina. As pessoas sentem-se poderosas e é óptimo para libertar o stress».
Quem o garante é Pedro Kol — campeão internacional de Kickboxing (na categoria -63kg), treinador e fundador da Academia Kolmachine, onde se ensinam também as modalidades Boxe, MMA e Ju-jitsu. As aulas podem ser particulares ou em grupo.
Sofia Arruda treina individualmente com Pedro Kol. Chegou a fazê-lo cinco vezes por semana. «É uma hora que passa a voar. Dás tudo de ti e estás sempre a tentar superar-te.
A tentar e a conseguir, porque mesmo quando pensas que já esgotaste toda a tua energia, o Pedro prova-te que consegues mais», explica sorridente.
Entusiasmados, vamos experimentar uma aula… para iniciados, naturalmente. A academia junta na mesma sala o ringue dos treinos individuais com a área das sessões de grupo. E ali convivem alunos dos cinco aos 65 anos. O treino começa com exercícios de aquecimento e alongamento, de forma a evitar qualquer tipo de lesões. Seguem-se sequências de movimentos típicos de combate (ataque e defesa), intercaladas com exercícios de fitness. Desengane-se quem pensa que se trata de meros murros e pontapés para “brincar às lutas”. São gestos técnicos: de punhos — directo, gancho, oblíquo... — e de pernas — frontal, circular, rotativo...
Numa primeira aula, aprendem-se os movimentos mais simples, sendo certo que os nossos gestos “técnicos” resultam inócuos sobre o “adversário” mais experimentado. Mas sentem-se de imediato efeitos sobre a condição física. «Em cada hora de treino gasta-se uma média de 700 calorias», explica Pedro Kol. Um dado que ajuda a compreender a maioria de mulheres que ali estão a treinar. Talvez inspiradas nos exemplos das top models internacionais que são adeptas da modalidade, com destaque para a brasileira Adriana Lima.
Um outro benefício importante é que, além de tonificar os músculos, o Kickboxing deixa o espírito leve. «Termino o treino sempre cheia de energia e com uma óptima sensação de controlo sobre corpo e mente», assegura Sofia Arruda, antes de sair para mais um ensaio da peça Alice no País das Maravilhas.