Quando o primeiro milagre das suas vidas, o bebé Frederico, completou seis meses, Rosarinho, diagnosticada com uma mutação genética «incompatível com a vida», deu nova notícia ao marido, Diogo, que a olhava sentado no sofá. «Não é o que é que eu tenho na mão, é o que tenho na barriga», disse-lhe, em meados do ano passado. Estava grávida pela segunda vez. O casal iniciou o processo habitual das idas ao médico para acompanhar semanalmente a progressão da gravidez. «Sei que é cedo, eu não vou ao médico na esperança de ver grande coisa, vou para ver o que é que se vê hoje, porque na próxima semana tem de se ver mais qualquer coisa… a gravidez no início evolui muito rápido», lembra Rosarinho.
Às seis semanas, porém, o médico percebeu que não tinha havido evolução. «À partida não vai para a frente», anunciou ao casal, aconselhando Rosarinho, que já perdera quatro bebés, a tomar a medicação necessária. «Eu olhei para ele e disse: «Olhe, o meu marido ofereceu-me como presente de aniversário irmos passar os feriados de Junho à costa alentejana e eu não estou para ir aos feriados a perder um bebé. Venho cá na semana seguinte».
Quando voltou ao consultório do obstetra, porém, a vida guardava-lhe uma surpresa, ri ela: «Na terça seguinte fomos lá e ouvia-se um coração assim fortíssimo». Era o coração de António.