Até há pouco tempo, acreditava-se que o intestino era apenas um tubo por onde passavam os alimentos não aproveitados pelo organismo. Hoje, a ciência já comprovou que o órgão desempenha inúmeras funções para a saúde. E os responsáveis por isso são os microrganismos que ali vivem.
Tal como a impressão digital, também o conjunto de microrganismos que habitam o intestino, a que se dá o nome de microbiota intestinal, é único e individual.
A microbiota intestinal tem várias funções no organismo:
- Proteção contra agressores patogénicos;
- Desintoxicação, eliminar substâncias nocivas ao organismo;
- Energética, obtida a partir da digestão dos alimentos;
- Melhorar a absorção de minerais, como o magnésio, o cálcio e o ferro;
- Sintetizar vitaminas essenciais, como a vitamina K e o ácido fólico;
- Ajudar a regular o apetite e a sensação de saciedade;
- Influenciar o humor.
A composição da microbiota intestinal pode ser influenciada por diversos fatores:
- O tipo de parto (vaginal ou por cesariana);
- A alimentação nos primeiros tempos de vida (amamentação, leite artificial, introdução de alimentos sólidos);
- Medicação (em particular os antibióticos);
- Hábitos alimentares e método de confeção dos alimentos;
- Ambiente e estilo de vida (exercício físico, habitação em zona rural ou urbana);
- Alterações do peso corporal.
Os alimentos têm um papel muito importante nessa equação. Aquilo que comemos não nutre apenas as pessoas, serve de alimento a triliões de microrganismos que vivem no intestino. Por isso, uma dieta diversificada é o fator de maior influência benéfica no intestino e na sua microbiota.
Estudos recentes demonstram que uma dieta rica em gordura e em açúcar produz alterações na microbiota intestinal que podem estar associadas a diabetes tipo 2, obesidade e doenças inflamatórias intestinais. Já os prebióticos, probióticos e alimentos fermentados têm sido estudados como formas de manter a microbiota saudável. Os probióticos são alimentos que contêm microrganismos vivos: iogurtes e outros alimentos fermentados. Também podem ser obtidos através de suplementos alimentares. Os prebióticos são nutrientes não digeríveis (fibras). São o “combustível” para as bactérias intestinais benéficas proliferarem. Encontram-se em cereais integrais, leguminosas, vegetais de folha verde e legumes, frutos e oleaginosas, entre outros.
Os alimentos fermentados resultam da trans- formação dos alimentos por microrganismos vivos, como bactérias e leveduras. Além do iogurte, outros alimentos fermentados incluem o kefir, pickles, o kombucha e o kimchi (couve fermentada).
Contudo, a resposta do microbioma intestinal à alimentação é específica de cada indivíduo, não existindo uma dieta padrão que possa garantir os mesmos efeitos em todas as pessoas.