Açúcar, sal, farinha fina de trigo, fermento, ovos e manteiga. Um toque de canela e limão. Do casamento entre estes elementos nasce a fogaça. A receita, com mais de 500 anos, pode partilhar-se sem cerimónia, porque o segredo está sempre nas mãos do confeiteiro.
O farmacêutico Nuno Lima, natural de Santa Maria da Feira, conta que a origem da fogaça remonta ao ano de 1505. A peste que, na altura, afectava o continente europeu, assolou também o Norte do país. Em desespero, os condes Pereira, senhores de Terra de Santa Maria e residentes no castelo, conceberam um pão doce de quatro torres que distribuíram pela população. E o povo fez um voto religioso, pedindo ao padroeiro da terra, São Sebastião, que os protegesse da peste.
Após o desaparecimento da doença, a tradição ficou assinalada com o feriado municipal de 20 de Janeiro, em que decorre a emblemática Festa das Fogaceiras. E a fogaça tornou-se num dos produtos regionais mais conhecidos de Santa Maria da Feira.
No Museu Vivo da Fogaça celebra-se este ícone da gastronomia feirense. Por respeito à terra, a receita tradicional é cumprida a rigor. «Mas também gostamos de fazer as nossas brincadeiras», comenta o proprietário, Carlos Moreira.
À cozinha deram o nome de Laboratório de Sabores. É lá que, das experiências feitas em equipa, nascem as mais criativas variações da fogaça que a região conhece. «Temos, por exemplo, uma imperatriz, recheada com trufas de chocolate e molho de morango», revela. «Há também o salame, o semifrio e o pudim de fogaça».
Com iguarias para todos os gostos, a fogaçaria localizada no centro histórico da cidade abriu portas em 2012. Desde então, tem vindo a reinventar a tradição, mantendo-a viva nas pessoas.
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