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3 janeiro 2020
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Luís Silva Campos Fotografia de Luís Silva Campos Vídeo de Afonso Oliveira Vídeo de Afonso Oliveira

Tílias-coop: um projecto terapêutico

​Jardinagem contribui para a reabilitação dos pacientes. 

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Ao longo de 20 anos, passaram pela Tílias-coop mais de 200 pacientes. São sobretudo doentes do foro psiquiátrico, com depressão, esquizofrenia, bipolaridade. Também por ali passam pessoas com problemas de adições (alcoolismo ou toxicodependência) e pessoas com deficiência mental. «A cooperativa acolhe aqueles que estão um pouco à margem da sociedade, permitindo-lhes fazer aqui um percurso de vida», explica o coordenador, Nuno Alvarez.

Durante um ano, recebem formação teórico-prática em jardinagem, horticultura e manutenção de espaços verdes. O produto do seu trabalho é vendido aos trabalhadores do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa e existem parcerias com entidades externas, a quem os formandos prestam serviços de manutenção de espaços verdes. 

Nuno Alvarez tem assistido a vários casos de sucesso na reabilitação dos pacientes. A participação diária na vida da cooperativa traz-lhes uma rotina e estabilidade financeira. Diversos estudos comprovam os benefícios físicos e cognitivos deste género de experiências: melhorias a nível muscular, de memória e do sono, maior coordenação, equilíbrio e organização do pensamento. O trabalho em equipa favorece o convívio, contribui para aumentar a auto-estima e reduzir a agressividade e o stress. «Desde ganharem hábitos de higiene até aprenderem a apanhar um autocarro, há muitos ganhos», explica Nuno Alvarez. «O contacto com os colegas ajuda-os a sair do casulo, trocam experiências, até sobre as respectivas doenças. Temos formandos que quiseram voltar como voluntários, porque aqui se sentem úteis». 

O contributo para a integração destas pessoas no mercado de trabalho, o propósito que levou à criação da cooperativa, não tem tido o mesmo êxito. O problema reside, acredita Nuno Alvarez, no estigma e nos reduzidos incentivos para a integração profissional de pessoas com deficiência ou problemas psiquiátricos.

O coordenador da Tílias-coop integra o projecto deste o primeiro momento. Largou o trabalho de formador externo no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) para abraçar a tempo inteiro a cooperativa. Tem enfrentado diversas dificuldades, inclusive financeiras. A Tílias-coop não tem fins lucrativos e vive do produto do seu trabalho, bem como do apoio do IEFP. Às vezes sente que está «a remar contra a maré». Mas vale a pena. «É gratificante vermos o nosso pequeno contributo em prol de quem necessita. A nossa sociedade não dá o apoio devido, por falta de meios, mas isso dá-nos vontade de continuar».

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