No dia 7 de junho de 2025 estreiam-se em concerto no Estádio da Luz. Estão preparados?
Fradique: Claro que sim! Este será, sem dúvida, o show das nossas vidas. É a primeira vez que um artista da lusofonia, cantando em português, se apresenta num espaço tão especial. Estamos a reunir toda essa energia fantástica que conecta a lusofonia através da língua portuguesa. Estamos a preparar tudo para ser um momento único. É uma grande responsabilidade.
António: É um novo desafio, especialmente para a música cantada em português, num local onde, normalmente, vemos apenas artistas internacionais. Queremos mostrar que a música em português tem força suficiente para encher um espaço tão emblemático. Estamos a preparar um concerto único, que ficará marcado na história e na memória das pessoas que acreditaram em nós até hoje.
Porque decidiram celebrar a música lusófona?
Fradique: Porque e o que nos define. Faz parte da nossa cultura, algo que nos acompanha desde sempre. A música aproxima-nos ainda mais uns dos outros. Faz-nos viajar, transporta-nos e a nossa identidade. Durante anos, décadas e seculos, a música cantada em português conquistou espaços importantes e precisa, sem dúvida, de continuar esse caminho.
Qual foi o momento mais marcante da vossa carreira?
António: Nestes últimos anos, tivemos várias tournées frente a frente com as pessoas que vivem e consomem a nossa música. Em todos esses lugares, sentimos uma ligação incrível e ouvimos histórias marcantes que aconteceram ao som das nossas canções, nos nossos concertos. Já vivemos momentos inesquecíveis, como pedidos de casamento durante os shows, ouvimos relatos de fãs que enfrentaram fases difíceis, como a depressão, e encontraram na nossa música força para superar esses desafios.
Como é o vosso processo criativo?
Fradique: Há várias formas de trabalhar e desenvolver música. Tem a parte da produção da música, por exemplo, que é mais o lado do António. Ele produz e faz os flows, ou seja, dá à música uma direção e eu trabalho mais na parte da letra e de criar a história, mas procuramos trabalhar mais em conjunto. O processo é desenvolver o instrumental, colocar a ideia, criar uma história com a qual a maioria das pessoas se possa identificar. Algo que é vivido todos os dias.
Sendo imigrantes, e como a carreira de músico não é fácil, tiveram momentos em que a vossa saúde mental ficou afetada?
Fradique: Não nos afetou tanto ao ponto de nos tirar o equilíbrio, mas sim quando fazemos vários shows seguidos, estamos em lugares diferentes, climas diferentes, horário completamente trocado. É preciso ter um bom equilíbrio, uma estabilidade emocional boa, familiar, para que as pessoas possam ter o melhor de nós. É uma gestão importante. Tanto é, que há pessoas que passam por fases depressivas. Convém procurar ajuda e não ver isso como um capricho. A maioria dos problemas que nós criamos, passam-se só dentro da nossa cabeça. Quem tem algum problema precisa procurar ajuda, falar com alguém próximo, conversar. É sempre melhor desabafar, ouvir um conselho, uma visão diferente do que estamos a pensar, e vai ajudar de certeza.
Além desse cuidado com o ter equilíbrio com a saúde mental, têm cuidado com a vossa saúde física?
António: Sempre! Existe o exercício físico e psicológico. E importante termos limites, mesmo na alimentação, termos cuidado a acompanhar a nossa saúde geral, o peso, a saúde mental.
Costumam fazer check-ups?
Fradique: Pelo menos uma vez por ano. Mas o melhor mesmo é fazer duas vezes, de seis em seis meses. A saúde é importante. Aliás, corpo são, mente sã.
António: Viemos de uma realidade onde andávamos imenso, queimávamos muitas calorias, comíamos muita fruta, muita coisa proveniente da natureza. Isso também influenciou a dieta que mantemos hoje.
Qual é a importância das farmácias para vocês?
Fradique: As farmácias são um meio rápido para termos acesso a medicamentos, mas é importante que as pessoas se concentrem em descobrir a origem dos problemas de saúde. É preciso conhecimento e consciência, e as farmácias estão lá para nos ajudar nesse processo.
Se pudessem melhorar algum aspeto na saúde, o que seria?
Fradique: Eu faço exercício, treino cárdio e musculação. Acho que é mais manter essa consistência e continuar a fazer exercício. É mais fácil ficar sentado, mas temos de marcar na agenda ou colocar uma nota a dizer que temos um encontro connosco. A nossa saúde é o que nos ajuda. Nós gostamos de estar com outras pessoas, para isso temos de cuidar de nós para estarmos mais tempo com essas pessoas.
António: Preciso caminhar mais. Acho que um dos problemas dos dias de hoje é andarmos sempre de transportes. Pelo menos cinco mil passos já iam fazer uma diferença enorme. Antes íamos para a escola a pé e não precisávamos de fazer exercício. Estávamos sempre em forma, e comíamos de tudo.
«Queremos ajudar quem, como nós, tem um sonho e precisa de apoio para o alcançar»
Têm algum sonho por realizar?
António: Um grande sonho é olhar para o lugar de onde viemos e fazer a diferença. Queremos ajudar quem, como nós, tem um sonho e precisa de apoio para o alcançar. Viemos de São Tomé e Príncipe, um lugar desfavorecido, e conseguimos levar a nossa música ao mundo. É gratificante saber que tocamos muitas vidas e queremos continuar a contribuir para quem mais precisa.
Fradique: Queremos mostrar que é possível! A nossa música faz diferença no seio de muitas famílias e queremos reconectar ainda mais a música cantada em português.
Que mensagem gostariam de deixar para os jovens que vos têm como exemplo?
António: Saibam que vão encontrar muitas barreiras e desafios, mas isso serve para vos preparar. Aquilo que vocês desejam requer preparação, e os desafios moldam-nos. Se querem algo de verdade, corram atrás, lutem, porque o sonho sempre acontece. No final vais ver que valeu a pena.
Pretendem ter um impacto positivo e saudável com a vossa música?
Fradique: Sem dúvida! A nossa música apela sempre ao lado positivo das coisas. Isso é que é a vida. Nós sabemos que há partes menos boas, claro, mas o melhor mesmo é apelar ao lado positivo, com esperança e fé. E dá para dançar também bastante.
António: A nossa música é fit!
Fradique: Dá vontade de querer viver, sair para a rua, começar a viver.