O Governo pôs em prática a legislação de prevenção de incêndios mas o presidente da Câmara de Loures alija responsabilidades, devolvendo ao Governo eventuais críticas se alguma coisa correr mal. Porque não há meios materiais e financeiros para as autarquias conseguirem fazer o trabalho a tempo.
«Os proprietários têm que limpar até 31 de Março e depois nós temos que, entre o fim de Março e o fim de Maio, notificá-los para a limpeza, se não cumprirem, dando-lhes um mês para isso, e depois limpar se eles não o tiverem feito entretanto. Isto é absolutamente impossível. Absolutamente impossível. E toda a gente sabe», garante Bernardino Soares.
A opção em Loures passará por estabelecer prioridades. À cabeça estará a limpeza em volta dos aglomerados populacionais em que o risco seja maior com o tipo de vegetação e a acessibilidade dos bombeiros. O autarca afirma que duplicaram os recursos alocados mas, mesmo assim, a Câmara não irá conseguir fazer a maior parte exigida por lei, «porque é impossível. É impossível. Eu acho que isto tem que ser dito com toda a clareza, porque nós não vemos da parte do Estado, da administração central, um grande progresso na resposta a esta circunstância, mas vemos um grande empenhamento em dar a ideia de que os municípios passaram a ter todas as condições para fazer este trabalho». E deixa o aviso de que, se houver algum problema, o Governo vai culpar as autarquias por não terem actuado a tempo.