Texto de Helena Pragosa | Pediatra, Hospital CUF Torres Vedras e Clínica CUF Mafra
O choro é a linguagem universal dos bebés. É através dele que exprimem as suas necessidades. Por ser a forma mais precoce de comunicação, choram mais nos primeiros três meses de vida do que em qualquer outra fase. Neste período, é a sua forma de comunicar.
O bebé pode chorar por ter fome, estar sujo ou molhado, ter frio ou calor, sono, cansaço ou excesso de estímulos, por exemplo. Também pode chorar por causas emocionais, por querer a presença dos pais, por sentir insegurança, querer mimo ou consolo. Decifrar o choro é um desafio e uma aprendizagem para os pais, que, com o passar do tempo, vão descobrindo diferentes modos, tons e sonoridades, consoante o que o bebé quer transmitir.
É importante os pais estarem tranquilos e abertos a conhecerem o seu filho. Todos os bebés são diferentes; a ligação emocional e a compreensão mútua são fundamentais para que o bebé e a família estejam bem.
Nos primeiros meses de vida, o bebé não tem a perceção de que é um ser independente, por isso precisa de contacto físico e de consolo, de modo a atender às suas necessidades.
As cólicas são uma causa frequente de choro nos primeiros tês meses. O sistema digestivo do bebé é naturalmente imaturo, levando a maior dificuldade na digestão e, consequentemente, a desconforto gastrointestinal.
Ao mamar, há maior ingestão de ar, o que agrava o desconforto. O arroto após a mamada é um bom mecanismo para prevenir as cólicas. Já a posição com que o bebé elimina os gases é muito variável. As massagens na barriga após o banho, em movimentos circulares, no sentido contrário aos ponteiros do relógio, aliviam muitas vezes o desconforto e são tranquilizadoras. Outras vezes, apenas o colo e o contacto físico com os pais o acalmam. Quando o desconforto é mais intenso, consulte o pediatra, para encontrar estratégias de auxílio.
Há choros que constituem sinal de alarme e indicam que o bebé necessita de cuidados médicos imediatos:
- Se o choro for acompanhado de febre (temperatura retal superior a 38,2 ºC) ou hipotermia (temperatura corporal inferior a 35 ºC), gemido, prostração ou irritabilidade;
- Alterações da coloração da pele, por exemplo: cianose (coloração azulada da pele, decorrente de oxigenação insuficiente do sangue), pele marmoreada (padrão de manchas irregulares de aspeto similar ao do mármore);
- Recusa alimentar, vómitos, diarreia;
- Dificuldade respiratória.