Política de utilização de Cookies em Revista Saúda Este website utiliza cookies que asseguram funcionalidades para uma melhor navegação.
Ao continuar a navegar, está a concordar com a utilização de cookies e com os novos termos e condições de privacidade.
Aceitar
23 maio 2017
Texto de Paulo Cleto Duarte Texto de Paulo Cleto Duarte

O campeonato dos genéricos

​​​​​​A meta fixada para os genéricos parece impossível. As farmácias trabalham todos os dias para ganhar esse desafio.

Tags
No universo dos medicamentos sem patente protegida, sete em cada dez comprimidos consumidos pelos portugueses já são genéricos. Este é o resultado da confiança dos portugueses e de anos de trabalho dos seus médicos, farmácias, indústria farmacêutica e autoridades de saúde.

A vantagem dos medicamentos genéricos é serem iguais aos outros, mas mais baratos. Oferecem poupanças colossais: 2,5 mil milhões de euros nos últimos cinco anos. Este dinheiro dá para cobrir os encargos totais, para o Estado e as famílias, de um ano inteiro de medicamentos à população.

Em 2016, no entanto, o mercado parou de crescer. Parecia ter atingido um ponto de saturação. O Estado e as farmácias, que foram pioneiras na defesa dos genéricos em Portugal, poderiam ter-se conformado. Não faltavam argumentos: os números já eram bons e faziam agradável figura nas estatísticas internacionais. Ninguém acharia estranho que se dissesse, em português corrente, “Santa Paciência, tudo tem um limite”. Haverá sempre doentes a optar pelos fármacos originais, aos quais se habituaram e lhes garantem resultados.

O ministro da Saúde preferiu outra linguagem. Anunciou um regime de incentivos às farmácias pela dispensa de medicamentos genéricos. E fixou um objectivo para essa política: pela primeira vez, o mercado dos medicamentos genéricos deveria atingir uma quota superior a 50% no mercado de medicamentos comparticipados.
​​​
Este objectivo parece impossível, porque os medicamentos de patente protegida são e serão sempre indispensáveis para milhões de portugueses. Aliás, o Estado tem usado as poupanças com os genéricos para investir no acesso da população à inovação terapêutica. Ora, esse esforço, que salva vidas, torna ainda mais difícil a meta dos 50% mais um de medicamentos genéricos.​

Artigo de opinião de Paulo Cleto Duarte no jornal Público.
Notícias relacionadas