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2 outubro 2025
Texto de Ana Filipa Pereira | Nutricionista Texto de Ana Filipa Pereira | Nutricionista

Nutrição e cancro

Saiba como a alimentação pode ser um aliado na prevenção e no tratamento.

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​Qual o papel da nutrição na prevenção do cancro?

A nutrição tem um papel fundamental na promoção da saúde e na prevenção de doenças crónicas, como o cancro. Estima-se que cerca de um terço dos casos possa estar associado à alimentação, ao excesso de peso e ao sedentarismo.

A dieta mediterrânica destaca-se pelo seu efeito protetor, sendo caracterizada pelo consumo frequente de frutas, hortícolas, cereais integrais, leguminosas, frutos oleaginosos e azeite, bem como pela ingestão moderada de peixe, e reduzida de carnes vermelhas e processadas. Este padrão alimentar associa-se a uma redução do risco de diversos tipos de cancro, nomeadamente o colorretal, devido ao aporte de fibras, antioxidantes e gorduras saudáveis, que ajudam a reduzir o stresse oxidativo, a inflama- ção crónica e a resistência à insulina ― processos relacionados com o desenvolvimento tumoral.


Qual o papel da nutrição durante o tratamento do cancro?

O cancro é uma doença com grande impacto no estado nutricional das pessoas. A malnutrição na pessoa com doença oncológica pode atingir prevalências que variam entre 20 e 70%, dependendo do tipo de tumor, da idade da pessoa e da fase da doença.


A malnutrição está associada a:

  • Perda de peso e/ou de massa muscular;
  • Aumento do risco de toxicidade terapêutica, levando à diminuição da intensidade da dose e do tratamento;
  • Diminuição da competência imunitária e aumento do risco de complicações infeciosas;
  • Perda de qualidade de vida.

O acompanhamento nutricional tem como objetivo otimizar o estado nutricional e adaptar a ingestão alimentar aos sintomas e às alterações anatómicas ou funcionais provocadas pelo tumor ou pelos tratamentos, como cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia, proporcionando maior conforto e qualidade de vida.


Dicas para a gestão das complicações associadas ao tratamento do cancro

Anorexia:

  • Aumentar o número de refeições, de peque- no volume, ao longo do dia;
  • Aumentar a densidade nutricional (energética e proteica) das refeições;
  • Evitar a monotonia alimentar, dando preferência a pratos diversificados, coloridos e com diferentes texturas.


Disgeusia (alteração do paladar):

  • Utilizar ervas aromáticas na confeção dos ali- mentos;
  • Dar preferência a alimentos cítricos e frios;
  • Evitar a utilização de talheres de metal, para minimizar o sabor metálico ― preferir talheres de plástico ou silicone.


Náuseas e vómitos:

  • Aumentar o número de refeições de pequeno volume ao longo do dia;
  • Preferir alimentos de fácil digestão, mais secos, cítricos e salgados;
  • Preferir alimentos à temperatura ambiente, frios ou gelados;
  • Evitar alimentos com odores fortes, muita gordura, doces, cremosos ou em papa.


Xerostomia (boca seca):

  • Reforçar a hidratação ao longo do dia;
  • Ingerir líquidos durante as refeições, para facilitar a mastigação e a deglutição;
  • Colocar gotas de limão/laranja nas bebidas e nos alimentos.


Diarreia:

  • Reforçar a hidratação;
  • Recomendar uma dieta pobre em resíduos (pobre em fibras insolúveis e em lactose);
  • Recomendar alimentos ricos em fibra solúvel (maçã/pera cozinhada, banana madura, cenoura cozinhada).


Obstipação:

  • Reforçar a hidratação;
  • Aumentar o consumo de alimentos ricos em fibra (cereais integrais, hortícolas, frutas, frutos secos e oleaginosos, sementes);
  • Estimular a prática de atividade física regular.


Assim, a nutrição deve ser entendida como parte integrante da prevenção e do tratamento oncológico, contribuindo não só para melhores resultados clínicos, mas também para a qualidade de vida das pessoas.