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12 junho 2016
Texto de Maria Jorge Costa Texto de Maria Jorge Costa Fotografia de Paulo Neto Fotografia de Paulo Neto

Novidades do outro continente

​​​​​​A inovação terapêutica está a mudar de paradigma. O foco em medicamentos de baixo custo para as massas está a ser substituído por uma aposta em fármacos de alto custo unitário para grupos mais pequenos de doentes.​

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A indústria farmacêutica está a mudar de estratégia de abordagem à inovação terapêutica. Agora aposta menos em medicamentos de consumo massificado, para problemas como colesterol, hipertensão ou depressão; em compensação, investe cada vez mais «em medicamentos precisos e terapias direccionadas, que servem poucos doentes mas cujo preço unitário é muito elevado», expôs aos congressistas o director do Tufts Center for the Study of Drug Development, um dos observatórios do mercado farmacêutico mais prestigiados do mundo. «Muitos laboratórios estão a investir nestas faixas estreitas da população, antecipando a capacidade de cobrar preços elevados, porque as seguradoras pagam por se destinarem a um número baixo de doentes», explicou Kenneth Kaitin. Os medicamentos órfãos, indicados para doenças raras, representam já cerca de metade das novas moléculas aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA), poderoso regulador dos EUA.

O tempo de desenvolvimento de novas moléculas é elevado. Um medicamento para o sistema nervoso central, por exemplo, pode demorar 17 anos a chegar ao mercado. Os antirretrovirais para o ​VIH-Sida têm sido uma excepção a esta tendência, por pressão da sociedade. Por outro lado, a taxa de aprovação de novas moléculas é incrivelmente baixa (5%), o que faz disparar os custos de Investigação & Desenvolvimento (ID). O custo médio de I&D de um medicamento atinge agora 1,9 mil milhões de euros, 145% mais do que há dez anos. «O custo disparou porque os casos  de sucesso diminuíram. «Não surpreende que os laborató- rios tenham reduzido ou eliminado a I&D para doenças do sistema nervoso central, porque 95% dos compostos vão falhar nos ensaios clínicos», referiu Kenneth Kaitin.

A caducidade de patentes e o mercado de genéricos também pressionam a indústria. A tendência é para a partilha de riscos. A indústria sub-contrata fases iniciais em centros de investigação das universidades. As grandes companhias concentram-se nas fases finais da investigação, ensaios clínicos, processos de aprovação junto dos reguladores e estratégias de marketing. Também se verifica um envolvimento maior das associações de doentes, que não só facilitam a realização de ensaios clínicos como reúnem fundos. Kaitin apresentou o exemplo do Accelerating Medicine Partnership que, reúne grupos de doentes, dez laboratórios, hospitais, fundações e o próprio Estado, através do National Institute of Health e da FDA. Este grande consórcio vai investigar quatro áreas onde é difícil obter resultados: A​lzheimer, artrite reumatoide, lúpus e diabetes tipo 2. «Este é o modelo de inovação do futuro», espera o director do Tufts.




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