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19 julho 2022
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de Hugo Costa Vídeo de Hugo Costa

Não podíamos baixar os braços

​​​​Escolas e farmácia uniram-se para testar alunos, professores e funcionários.

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Mal tinha arrancado o segundo período letivo quando a diretora do agrupamento de escolas de Miraflores, aflita com o aumento do número de casos de COVID-19 entre os alunos, pediu ajuda à Farmácia do Alto de Algés. Como o adiamento do arranque das aulas para 10 de janeiro não impedira a propagação de casos, a situação complicava-se. «Era urgente testar e testar cada vez mais. As turmas estavam sempre a ser condicionadas por essa testagem, os pais não sabiam como fazer para testar os filhos», lembra Fátima Rodrigues.

Pairava a ameaça de caos do inverno anterior, a capacidade de testagem estava aquém da procura e «os testes PCR demoravam imenso tempo a serem marcados». A 18 de janeiro nasceu uma janela de oportunidade para inverter o rumo, quando a Associação Nacional das Farmácias (ANF) e a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) assinaram uma parceria com uma meta ambiciosa: testar um milhão de estudantes dos estabelecimentos públicos de ensino ao longo do segundo período letivo.


«Era urgente testar e testar cada vez mais. As turmas estavam sempre a ser condicionadas por essa testagem», diz Fátima Rodrigues, diretora do agrupamento de escolas de Miraflores

Fátima Rodrigues não perdeu tempo. Entrou em contacto com Diogo Oliveira, proprietário da Farmácia do Alto de Algés, que já conhecia de anteriores ações conjuntas. Em poucos dias puseram de pé uma campanha que permitiu realizar quase 300 TRAg: 238 a jovens dos 12 aos 18 anos da Escola Secundária de Miraflores e 40 a alunos dos seis aos 12 anos da Escola Básica de Miraflores, para além de funcionários e professores de ambas as escolas. A testagem decorreu em quatro sessões de quatro horas cada, entre 27 de janeiro e 23 de fevereiro.​

Na Escola Secundária de Miraflores, o bar dos alunos, desativado por causa da pandemia, foi usado como sala de testagem. À Direção da escola cabia divulgar a iniciativa entre alunos e funcionários, à farmácia disponibilizar os farmacêuticos e materiais necessários para testar quem aparecesse. «Era uma iniciativa absolutamente livre. Um serviço à comunidade, porque a escola tem de servir a comunidade. Não podíamos baixar os braços», diz Fátima Rodrigues, orgulhosa porque «a adesão foi muito boa».


«Correu bem, mas deu muito trabalho. É gratificante contribuir para ajudar a comunidade», diz a farmacêutica Bárbara Chambel

Satisfeitos ficaram também os farmacêuticos envolvidos. «É gratificante contribuir para ajudar a comunidade», diz Bárbara Chambel. Confirma que «correu bem, mas deu muito trabalho», sobretudo o pós-testagem, incluindo a comunicação dos resultados ao SINAVE – Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica. Explica que muitas vezes foi preciso ficar mais horas na farmácia, para compensar o «tempo roubado» pela campanha de testagem.

Na ampla sala, a fila organiza-se ordeira, enquanto Diogo Oliveira e Bárbara Chambel, devidamente equipados, fazem o registo, testam e dispõem, numa mesa ao lado, os resultados do teste. Naquele dia, houve um registo positivo, sinónimo de uma cadeia de infeção quebrada. Os menores de idade, acompanhados pelos encarregados de educação, aguardam serenos, distraídos no telemóvel. Todos reconhecem a utilidade da testagem, um gesto que se tornou corriqueiro. «É importante para proteger os nossos colegas e família e as pessoas que nos rodeiam no dia a dia», explica Xavier Pires, a maturidade em pessoa num corpito de 11 anos. «Estamos sempre em contacto com outras pessoas», diz Clara Coroado, 14 anos, para justificar a necessidade da testagem. Para a mãe, Maria João, é uma forma de garantir a segurança sem penalizar demasiado a socialização entre os jovens. «Começa a ser um bocadinho agressivo passarem muito tempo sem ter contacto. Fazer o teste na escola é fácil, é uma excelente iniciativa!».

 


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