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8 março 2021
Texto de Maria Jorge Costa Texto de Maria Jorge Costa Fotografia de Luís Silva Campos Fotografia de Luís Silva Campos

«Gosto de ver as soluções»

​​​​A meditação e a Ioga são alguns dos segredos para Madalena Brandão manter a paz de espírito.

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Fez 40 anos no dia 7 de Março e levou a diversão ao limite antes do primeiro confinamento, em 2019. 
Fui surpreendida por um pedido de casamento de que eu não estava nada à espera. Os meus filhos ficaram histéricos. Estávamos de autocaravana pela costa alentejana, decidimos fazer uma rota de pizas. Apesar de mantermos uma alimentação saudável, pizas nunca vamos cortar. Acho muito gira a ideia de festejar a nossa história, o nosso percurso e a nossa família numa festa que há-de acontecer quando acabarem as máscaras. 

Agora o que nos apetece mesmo é ser livres, estarmos tranquilos, vivermos a nossa vida em paz e viajar. Queremos ver o mundo, dar abraços sem medo estarmos unidos de novo. Prioritário é manter a família unida, preservar a saúde física e mental. ​

«Prioritário é a família estar unida, sermos felizes, mantermos a sanidade mental e continuarmos com saúde»

Serem um núcleo forte ajuda neste período de pandemia? 
Sim, acho que é sempre um desafio este convívio em circunstâncias completamente novas, rodeadas de muito medo. Para não falar de um convívio muito intenso, que normalmente não existe. Há nas férias, mas andamos de um lado para o outro com os amigos. São circunstâncias novas. Este desconhecido traz ao de cima os nossos maiores medos, ansiedades, o nosso amor também. As coisas boas e más tomam proporções maiores. Este último ano revelou-nos muito o estado em que andamos. Distraímo-nos com muita coisa, estamos sempre distraídos. 

Prioritário é a família estar unida, sermos felizes, mantermos a sanidade mental e continuarmos com saúde. Temos muitas dinâmicas que às vezes não nos permitem perceber como nos sentimos, ou o que realmente queremos. Não há silêncio, não temos esse hábito, essa cultura de nos recolhermos, de pararmos, reflectirmos para depois continuar. 

Tal como o Verão, mais expansivo, e o Inverno que pede recolhimento. Faz falta parar. Claro que não tinha de ser de uma forma tão agres siva, mas pode ser uma oportunidade. Nada disto é bom, o último ano é uma tragédia, mas eu gosto de ver as soluções e não me focar nos problemas. E o que retiro de bom é ter tempo para essas reflexões, perceber o que é que está certo ou errado nas dinâmicas da família. Não é fácil conviver de repente com duas crianças, fechados em casa. Mas teve coisas muito positivas, sinto que este tempo foi muito importante para o meu filho mais velho.   

Por ter a mãe e o pai muito mais presentes? 
Nós somos pais muito presentes, sempre conseguimos gerir as coisas para estarmos presentes. Aos fim-de-semana estamos na nossa casa do Alentejo, onde não temos televisão, não temos muitas distracções, estamos muito juntos, fazemos muitas coisas juntos e já tínhamos essa proximidade. Há pais que não conseguem ter essa proximidade com os filhos. No Alentejo estamos no meio da Natureza, só há serra à volta, há uma enorme liberdade.

«Não desliguei um botão e vivo na “lalândia” com as minhas galinhas»

Não se deixam contagiar pelas notícias? 
Não vemos televisão, não ficamos expostos às notícias. Sei o que se está a passar, mas selecciono a informação que quero ler ou ouvir. Não desliguei um botão e vivo na “lalândia” com as minhas galinhas. É importantíssimo estarmos informados, nem que seja para saber cumprir as regras para nos protegermos e protegermos os outros. Mas é importantíssimo manter a nossa sanidade mental e continuar a poder viver. Sem baixar os braços. É muito fácil entrar nessa energia negativa ― e disso não se fala. É muito difícil gerir a solidão, a falta de perspectivas de futuro, a incerteza. Gosto de olhar sob outro prisma e aproveitar a incerteza para confiar mais no presente, deixar de estar tão viciada em controlar tudo, ou em ter tanta coisa para fazer. Ninguém sabe o que vai acontecer. Antes disto acontecer, do vírus aparecer, se calhar estávamos muito viciados em controlar a nossa vida e a dos outros, e isso não existe. 

«Faz falta parar. Claro que não tinha de ser de uma forma tão agressiva, mas pode ser uma oportunidade», sublinha a actriz que ficou conhecida como a Camila da série «Super-Pai» no ano 2000

No dia 8 de Abril de 2020, no blogue que partilha com a actriz Joana Seixas (I met God, she’s Green) escreveram o post “Como manter o equilíbrio em tempos de excepção?”. 
Na altura achámos que havia muita gente, nós incluídas, que sentiu a dificuldade da paragem. Decidimos sugerir utilizar esse tempo de forma útil e produtiva, cuidar de nós e dos outros. Estamos a viver essa situação novamente em 2021, mas talvez a necessidade actual seja mais no sentido de não desistir, não perder a esperança. Quero acreditar que o fim está à vista, vamos recuperar as nossas vidas e vamos sair todos muito mais fortes. Vamos voltar a abraçar-nos. Será diferente, mas vamos voltar a ter a nossa liberdade e a nossa saúde de volta.  

No dia-a-dia as relações não se perderam: temos os telefones, fazemos videochamadas. É construtivo relembrarmo-nos das coisas boas que temos, porque é muito fácil ficarmos no “ai, agora fico aqui, estou sozinho”. É difícil para os mais velhos, para os adolescentes. Cada um está a viver o seu momento, portanto é difícil para todos, à sua forma. Mas relembrar que temos um tecto, comida, saúde, temo-nos uns aos outros, faz toda a diferença. Se não nos agarramos às coisas boas, não conseguimos superar nenhum momento mais difícil.  

Teve COVID-19 em Agosto. Como foi?  
Tínhamos saído do primeiro confinamento e não faço a mínima ideia de como é que aconteceu, mas tenho a consciência completamente tranquila de que não me expus para que acontecesse. Acontece a todos, pronto. Temos de ter cuidados, mas não nos sentirmos culpados quando acontece. Os meus filhos não tiveram qualquer sintoma, apesar de estarem positivos. Nós tivemos sintomas leves. O meu filho mais velho [9 anos] até comentou «estou a ter a doença da moda». O mais difícil foi sair de casa.  

Tem hábitos saudáveis de alimentação, de actividade física. Presumo que passe esses valores à família. 
Mudámos a nossa alimentação antes de engravidar do primeiro filho, sim. Quando um filho nasce queremos ser a melhor versão de nós próprios. Tentámos ir por um caminho em que ele tivesse um crescimento o mais natural e o mais saudável possível. Deixámos de sair à noite, que era a parte menos saudável da vida antes de ter filhos. O meu marido faz muito desporto, eu também faço desporto, e isso passa para os miúdos. O mais velho quer fazer os treinos comigo. Estou a preparar-me para um espectáculo e tenho treinos todos os dias. 

Os miúdos imitam os comportamentos. O pai levanta-se às 5 da manhã para ir correr, eu vou correr, faço ioga. Meditamos os dois. O pequenino põe um colchão no chão e também começa a fingir que está a fazer exercício. Faz parte da nossa vida, como lavar os dentes... fazer exercício é normal para eles.  

Tem alguma relação com farmácias? 
Sim, sim. As pessoas acham que quando uma pessoa tem um estilo de vida mais natural recusa as vantagens da ciência. Eu adoro tomar suplementos, adoro... e há nas farmácias. Uso homeopatia, que também há à venda nas farmácias, mas quando é preciso recorro à medicina convencional. E compro cremes, cosmética. Vende-se de tudo na farmácia. Eu adoro ir à farmácia, honestamente.

 «Adoro ir à farmácia. Compro suplementos, cremes e medicamentos, quando preciso»

Vai voltar ao teatro com “A Peça que Dá Para o Torto”. 
Assim que for possível, vamos estrear no Casino Lisboa. Vai ser uma lufada de ar fresco, depois deste ano. É de chorar a rir do princípio ao fim. É um espectáculo réplica. Uma cópia exacta do que está em cena em Londres e no mundo inteiro. A encenadora vem de Londres para nos ensaiar durante um mês. Como o nome indica, é um espectáculo em que tudo corre mal, desde caírem cenários, voarem pessoas pela janela, tudo acontece. Vai ser um óptimo remédio para este tempo em que vivemos.​

 

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