A Igreja Matriz de Castelo de Vide estava cheia como um ovo. Os adultos olhavam uns para os outros com o ar cúmplice das crianças quando estão a tramar alguma. Entre sorrisos, lá mantiveram a compostura até o celebrante anunciar a Ressurreição de Cristo.
- Aleluia! Aleluia!
Foi aí que se levantou um coro de sinos, campânulas e chocalhos de animais, que toda a gente levara para a missa. A ‘chocalhada’ de Páscoa é uma tradição improvável, não só num templo religioso como em qualquer canto de Portugal. Não somos conhecidos por ser assim, tão alegres. Este ano, o antigo ritual acolheu uma novidade. O farmacêutico André Barrigas, que é presidente da Assembleia Municipal, assistiu à missa com a bata vestida.
- Está de serviço, doutor?
Quando começou a ‘chocalhada’, André ergueu o cachecol da Selecção Nacional de Futebol, como se estivesse num estádio. Agora sim, a situação deixou de ser surpreendente apenas para forasteiros, para deixar os locais de boca aberta.
Depois, a ‘chocalhada’ saiu em procissão para a rua, numa algazarra que se ouvia do Alpalhão a Portalegre. À frente do povo, de hábito franciscano e cachecol oferecido pelo farmacêutico, o Padre Melícias exultava de alegria:
- Viva a Selecção Nacional, que é a alegria do povo!
Pode o engenheiro Fernando Santos ir para a Rússia com fé no título, que a equipa está abençoada. As farmácias de todo o continente e ilhas estão a organizar um grande movimento nacional de apoio à campanha da Rússia. Como a rede de serviços de saúde mais bem distribuída pelo território chega a todo o lado, desta vez nenhum português ficará fora da festa.
- As farmácias são a maior bancada de Portugal.