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25 março 2021
Texto de Marta Xavier Cuntim (psicóloga clínica) Texto de Marta Xavier Cuntim (psicóloga clínica)

Família Wi-Fi

​​​​​Crianças precisam de bom ambiente em casa para terem bom desempenho da escola.​

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​A incerteza diária de confinamento, desconfinamento, estado de calamidade, estado de emergência, número de mortes a subir e a descer, número de casos a subir e a descer, mexe com o sistema nervoso de todos. Mas, se por um lado os adultos poderão ter uma desenvoltura emocional que lhes permite lidar com a montanha-russa de emoções, no caso das crianças e dos adolescentes não acontece o mesmo. Estamos a falar de personalidades que ainda não estão formadas, miúdos que ainda se estão a conhecer e a aprender a perceber como funcionam as suas emoções.

Ora, quando juntamos pandemia e escola na mesma frase, a coisa complica ainda mais! Acresce ainda outra incerteza à equação: teles​cola, escola online, escola presencial. Se para alguns alunos estar em telescola ou na escola física é exactamente a mesma coisa, para muitos outros a telescola é uma realidade bem complicada. As razões podem ser várias: pelo facto de muitos não terem computador, condições físicas, refeições quentes, núcleo familiar que os incentive ou lhes traga bem-estar.

Há um factor que pode implicar de forma negativa em qualquer aluno, independentemente das suas capacidades financeiras e/ou materiais: FAMÍLIA. A família é o motor de estabilidade de qualquer aluno. São os pais que, dentro do melhor que podem e conseguem, ajudam e acompanham as dificuldades dos filhos, valorizam o que é de valorizar e desvalorizam o que não tem relevância, de forma a protegê-los.

Mas, e quando os pais deixam de estar em condições de ter cuidado na forma como falam ou discutem à frente dos filhos?

Os pais (e a família) devem ser o lugar de respeito, segurança e protecção. A família é onde as crianças e os jovens devem encontrar a estabilidade necessária para crescerem de forma saudável emocionalmente.

O exemplo que os pais dão aos filhos será o modelo a replicar por eles no futuro. Se um aluno está ansioso por todas as questões relacionadas com a escola, e na família o ambiente de discussão é elevado, a instabilidade emocional pode prejudicar o rendimento escolar.

Os alunos precisam de pais que falem abertamente dos seus problemas com eles, mas que também os protejam quando esta informação só os vai deixar ainda mais preocupados. Por exemplo, uma família que esteja a passar por dificuldades financeiras poderá ter vários motivos para discutir. Mas faz sentido fazê-lo à frente dos filhos? Fará sentido dizer aos filhos que estão a meio do mês e já quase não têm dinheiro para comprar comida? Ou será melhor para os miúdos não saberem do que se passa e os pais tentarem gerir tudo da melhor forma sem que eles se apercebam?

Neste momento de transição para o terceiro e último período, pode ser a derradeira oportunidade de salvarem o ano e consolidarem aprendizagens. Assim, tenha em atenção o seguinte:

  • Tente não discutir em frente aos seus filhos.
  • Se estiver a passar por um momento complicado, financeiro ou laboral, pense duas vezes antes de o comunicar aos miúdos.
  • Valorize a escola e as suas aprendizagens.
  • Seja solidário com as suas inseguranças e incertezas.
  • Se vê que o seu filho tem dúvidas, incentive-o a falar com os professores para as esclarecer.
  • Tente dar-lhes uma boa alimentação: comida quente e nutritiva é fundamental para o seu desenvolvimento e para a concentração.
  • Garanta que conseguem dormir oito horas por noite.
  • Incentive-os a praticar exercício físico e a apanhar sol.
  • Não permita que passe o dia todo em frente a ecrãs, sempre que possível promova outras actividades.
  • ​Seja empático com o sofrimento deles.
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