É atriz e apresentadora. Do que mais gosta?
Essa pergunta é cruel. Gosto do equilíbrio entre as duas coisas. Comecei por representar e a representação traz-me um brincar ao faz de conta. Criar a maior verdade de uma personagem é viciante. A representação é um eterno pormo-nos à prova. Se a personagem estiver bem construída, se estivermos muito seguros do que estamos a fazer, contar essa história pode ser absolutamente incrível e saímos de um dia de gravações com o ego cheio. A representação preenche-me muito. A apresentação é um contacto muito direto com quem está do outro lado. É ser um eu mais verdadeiro, e é muito gratificante também.
Nestes anos todos, qual foi o papel que mais a marcou?
A personagem que mais me marcou, e sentia que a trazia comigo quando acabava as gravações, foi a Marta, de “A Porta ao Lado”, uma série para a Opto [plataforma paga, da SIC]. Eram três episódios que retratavam mulheres que sofriam de violência doméstica e eu mergulhei naquele mundo. O facto de as gravações terem sido à noite pôs-me numa bolha que me levou a uma zona de desconforto, mas que me marcou. Foi muito intenso, muito avassalador. Nas telenovelas senti muita empatia com a Maria Mayer, de “Rosa Fogo” [2011], e também gostei das duas personagens de “Alma e Coração”, Benedita Pinto Almeida e Diana Almeida [2019].
Qual foi o programa de entretenimento de que gostou mais? Foi este último, o “Casados no Paraíso”?
Foi definitivamente o “Ídolos”, o meu primeiro contacto com a apresentação [em 2009]. Além disso, conheci o João Manzarra, com quem fiz dupla de apresentação, que se tornou um grande amigo, e com quem partilhei a condução de outros programas. O “Ídolos” tinha uma caraterística particular, era completo. Nós tínhamos de animar e entrevistar multidões, e também fazer as galas, com a adrenalina do direto. Entrar naquele estúdio para dar as boas noites era assustador e mágico. E, depois, as pessoas que se candidatavam tinham valências maravilhosas e queriam mostrar ao mundo o que valiam, tentar a sua sorte.
Era a febre do “Ídolos”, porque se tratava de uma coisa relativamente nova.
Foi uma febre incrível. Estávamos todos ali a viver tudo pela primeira vez. E no meio dessa loucura ainda descubro que estou grávida, o que intensificou toda a experiência. Por tudo isto, o “Ídolos” está no meu coração. É muito especial para mim.
Ser modelo aconteceu quase por acaso. «Não era uma coisa que desejasse muito»
Como foi a transição de modelo para atriz?
Foi acontecendo, como tudo na minha vida. Primeiro as portas abrem-se e a seguir eu corro atrás. Quando comecei a trabalhar como modelo não era uma coisa que desejasse muito. Era bastante maria-rapaz, muito mais ligada a atividades físicas. Estava a estudar desporto, a imaginar ser professora de Educação Física ou teria o meu espaço. Depois começaram a surgir os convites. Na verdade, começaram desde os 14 anos, porque era muito alta e magra. Aos poucos fui sendo empurrada e um dia fui substituir uma miúda que faltou a um desfile. Fiz alguns desfiles e depois comecei a fazer muita publicidade. Nessa altura diziam que eu era muito camaleónica, o que é uma caraterística incrível. Para quem? Para quem representa, para quem dá vida a várias personagens. Mas eu achava que ser atriz era muito diferente de fazer publicidade. Tanto me propuseram que acabei por ir ao casting da série “Morangos com Açúcar”. Foi a minha Ana Luísa.
Fez alguma formação específica em representação?
Mal terminei os “Morangos” fiz um curso de dois anos e, depois, formações mais específicas com várias pessoas, como a Cucha Carvalheiro e o Luís Madureira. Fui sempre fazendo workshops. Ainda hoje os faço.
Sente-se realizada?
Acima de tudo, sinto que sou um produto de televisão, e digo-o sem nenhum tipo de menosprezo, porque gosto muito do espaço que ocupo. Tenho tido bons desafios, bons projetos e, por isso, sinto-me muito realizada. Mas é comum o ator, e mesmo o apresentador, ambicionar mais. Faz-me falta fazer mais teatro. Faz-me falta fazer mais cinema. Mas, por outro lado, os convites que tenho para televisão preenchem completamente o meu tempo.
Que cuidados de saúde tem?
Cresci numa quinta em Loures e fui habituada a apanhar fruta das árvores e comê-la. Chegava a casa, preparava uma salada e aquilo tinha um sabor maravilhoso. Hoje não é fácil haver um dia em que não coma sopa. Um bom sono, a ingestão de água, a prática de exercício físico com regularidade e uma alimentação variada são quatro pilares na minha vida, que me ajudam a manter-me saudável. O facto de ser uma apaixonada por desporto facilita.
Que tipo de treinos faz?
Faço aulas de Pilates, ginástica localizada, cycling e treinos com o Bosu [aparelho para equilíbrio]. Faço várias aulas, não estou focada numa só modalidade.
A atriz confessa ser «viciada em massagens drenantes»
Tem cuidados estéticos específicos?
Tenho vários. Não vou para a cama maquilhada, e tenho rotinas de limpeza e hidratação da pele. Sou viciada em massagens drenantes, que estão associadas à estética, mas deviam estar ligadas à saúde, pela melhoria que provocam. E depois faço pequenas coisas, como hidratação facial, e tudo o que está ao meu alcance, dentro do razoável.
Tem uma relação especial com alguma farmácia em concreto?
Vou variando. Mas há uma com a qual tenho uma relação mais direta, ao lado da minha casa. Acaba por ser aquele sítio em que conhecemos quem lá trabalha e sabemos que, se precisamos de qualquer coisa que não têm, mandam vir rapidamente, o que me acontece muito porque sofro de enxaquecas.
Quando começa um novo ano faz planos ou cria objetivos?
Mais facilmente em setembro, que é o início do ano escolar, intensifico algo de novo ou começo a fazer algo que idealizei. Sei lá, começar a meditar... No início de ano, tenho sempre o objetivo de cuidar um bocadinho mais de mim. Por causa das vidas agitadas, as pessoas acabam por se esquecer de dar atenção a si mesmas, por exemplo marcar exames e análises, estarem atentas. Eu sempre fui muito descontraída com isso e ultimamente acho que é mesmo importante tentarmos ouvir o nosso corpo e percebermos se está tudo bem. Isso é uma das coisas que as pessoas devem ter em atenção no início de cada novo ano.
O que deseja para 2024?
Que este ano traga um bocadinho mais de responsabilidade às pessoas a nível ambiental e que não nos esqueçamos que somos todos feitos do mesmo material. Que o ano traga um bocadinho mais de igualdade de oportunidades. E saúde, que é também muito importante.