Texto de Pedro Marinho Lopes | Especialista em radiologia, Hospital CUF Porto, Hospital CUF Tejo, Hospital CUF Santarém e Hospital CUF Trindade
O que causa este tipo de dor?
A dor osteoarticular é uma queixa muito comum, mas frequentemente desvalorizada. Na maioria das situações as causas são multifatoriais, com origem em problemas que afetam os músculos, ossos, articulações, ligamentos, tendões ou fáscias, e pode ter por base processos inflamatórios, artroses ou lesões antigas. Falamos de patologias tão diversas como a artrose do joelho e da anca, tendinites (como a do tendão de Aquiles ou a epicondilite), fascite plantar ou até o chamado "ombro congelado" (capsulite adesiva).
Que impacto tem a dor articular no dia a dia?
A dor é o principal sintoma e o que motiva os doentes a procurar ajuda. Com o tempo, a dor pode provocar outros sintomas, como rigidez, perda de força muscular e um aumento da limitação funcional. As implicações para os doentes variam de acordo com o local e o tipo de patologia base. Normalmente manifestam-se na dificuldade em realizar atividades diárias e na diminuição da qualidade de vida que, por sua vez, tem impacto negativo a nível psicológico e profissional, estando entre as principais causas de absentismo laboral.
Que tratamentos existem para a dor nas articulações?
Os mais comuns incluem medicação anti-inflamatória, fisioterapia, infiltrações e, em casos mais graves, cirurgia. Quando estas opções não resultam, existe uma alternativa inovadora: a embolização musculoesquelética.
O que é a embolização musculoesquelética?
É um procedimento minimamente invasivo, realizado por um radiologista de intervenção, que consiste em bloquear os vasos anómalos responsáveis pela inflamação e dor articular. Através de um cateter muito fino, inserido numa artéria do braço ou da virilha, são injetadas pequenas partículas que interrompem o fluxo sanguíneo para a área afetada, diminuindo a inflamação e, consequentemente, a dor ― sem afetar os tecidos saudáveis.
Quais as principais vantagens?
Por não envolver cortes nem pontos, o procedimento não deixa cicatrizes. É realizado com anestesia local, praticamente sem dor, e o doente tem alta no próprio dia. A recuperação é rápida, o risco de complicações é baixo e os resultados são muito animadores.
Quem pode beneficiar deste tratamento?
A embolização musculoesquelética é indicada em casos de dor persistente que não responderam aos tratamentos convencionais. Tem sido especialmente útil em casos de artrose do joelho e coxa, sobretudo em doentes que ainda não são candidatos cirúrgicos ou que mantêm dor após a cirurgia. Tem revelado também bons resultados nos casos de capsulite adesiva, trocanterite e fascite plantar. A sua indicação é sempre avaliada em ambiente multidisciplinar.
Quando procurar ajuda especializada?
Se a dor articular persiste há várias semanas, afeta significativamente a qualidade de vida e não melhora com os tratamentos convencionais, é altura de procurar uma avaliação especializada.
Técnicas como a embolização musculoesquelética, que deve ser feita por uma equipa de radiologia de intervenção diferenciada neste procedimento, podem ser uma solução eficaz, segura e menos invasiva para recuperar o seu bem-estar.