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21 março 2018
Texto de Carina Machado Texto de Carina Machado Fotografia de Anabela Trindade Fotografia de Anabela Trindade

Conforto e normalidade: um mundo de soluções para ostomias

​​​Isabel Luz explica os diferentes tipos de ostomias e os produtos disponíveis na farmácia.

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A ostomia consiste na abertura de uma víscera oca para o exterior (estoma), geralmente feita na parede abdominal ou no pescoço, para eliminação dos produtos do organismo (urina, fezes, gases, secreções) ou para respirar e introduzir alimentos e medicamentos. 

Existem diferentes tipos de ostomias, podendo as mesmas ser reversíveis ou definitivas, dependendo do caso, e, para cada um, há um imenso conjunto de produtos no mercado pensado para tornar a vida das pessoas ostomizadas o mais confortável e normalizada possível.

Em Abril de 2017, estes apoios passaram a estar disponíveis nas farmácias, comparticipados pelo Estado a 100 por cento desde que prescritos electronicamente pelo médico. 

A farmacêutica Isabel Luz, da Farmácia Rainha, em Carrazeda de Ansiães, fala sobre as diferentes opções ao dispor destes doentes.  

ESTOMAS DIGESTIVOS 
Os estomas digestivos são aberturas feitas normalmente na parede abdominal para a libertação das fezes e gases. «É como passar a ter o ânus na barriga», explica Isabel Luz.

A Ciência não foi ainda capaz de reconstruir o músculo circular do recto, o músculo esfinctérico anal, que permite, pela sua contracção, conter as fezes ou, pelo seu relaxamento, aceder à vontade de evacuar. Por isso, o estoma, ao contrário do ânus, funciona de modo involuntário. Ou seja, «as fezes saem quando têm de sair», explica a farmacêutica. «Estas pessoas são incontinentes e, de um modo geral, precisam de ter sempre agarrado um saco para a recolha das fezes».    

Ileostomia – intestino delgado
Quando a ostomia é construída no intestino delgado, chama-se ileostomia. Entre as causas mais habituais estão a doença de Crohn, a colite ulcerosa, a polipose crónica familiar, o cancro, anomalias congénitas e traumatismos.

Sendo o intestino delgado a parte onde são absorvidos os componentes alimentares essenciais à nossa alimentação, as fezes são líquidas, mais enzimáticas e, por isso, mais ácidas. «A pessoa come e há uma evacuação quase automática e mais agressiva para a pele se não forem tidos cuidados».

Os sacos de ileostomia são, por isso, adaptados. Estão pensados para serem esvaziados sem que seja necessária a sua remoção e, desde que se mantenham limpos, podem ser usados durante mais tempo. «Aconselhamos dois dias, no máximo».

Para evitar situações de maior desconforto, existem espessante ou gelificantes das fezes, mas, uma vez usados, os sacos passam a ser de imediato descartáveis. 


Colostomia – intestino grosso
Quando a ostomia é feita no intestino grosso, dá-se-lhe o nome de colostomia. As causas mais frequentes são o cancro colo-rectal, obstrução intestinal, anomalias congénitas, traumatismos, diverticulites, incontinência e fistulas.

O intestino grosso, ou cólon, funciona como uma "câmara de secagem" do conteúdo líquido recebido do intestino delgado. É aqui que se formam as fezes, com o desperdício dos alimentos.

Os sacos de colostomia para recolha de fezes sólidas são totalmente descartáveis. «O conteúdo não deve nunca ultrapassar os três quartos da capacidade do saco, para que o peso não repuxe e agrida a pele, assim como para evitar que rebentem». 

Há opções de duas peças, compostas por uma placa hidrocoloide que pode permanecer colada ao corpo até três a quatro dias, onde os sacos podem depois ser encaixados. São menos agressivos para a pele, mas podem causar maior desconforto pela sua localização. Há opções simples, de sacos de uma peça só, que se colam e descolam e vão para o lixo. 

Todos os sacos vêm equipados com um filtro de carvão activado, para a eliminação dos odores, podendo ser opacos ou transparentes, conforme a preferência da pessoa ostomizada. 


Conforme conta Isabel Luz, há um grupo de ostomizados que, por estar apto a praticar a técnica de irrigação, não precisa de usar saco. «É como se fosse um clister de limpeza, que se pode fazer a cada dois ou três dias, e que esvaia o intestino por completo, dispensando, por isso, o uso de sacos». Ao invés, as pessoas usam o que aparenta ser uma tampa, com carvão activado por causa dos gazes, que encaixa no estoma. 



ESTOMAS URINÁRIOS
Quando a ostomia é construída nos canais urinários, dá pelo nome de urostomia, tratando-se da sua derivação para a zona abdominal. As causas mais frequentes são carcinomas, traumatismos, distrofia vesical, estenose (estreitamento anormal) dos ureteres e estenose da uretra.

Tal como acontece com o esfíncter anal, também neste caso não foi possível ainda reconstruir o esfíncter vesical, pelo que os doentes são igualmente incontinentes, precisando de sacos para recolha da urina.

Estes sacos duram mais tempo, dois a três dias, e a principal diferença para os anteriores reside no facto de terem uma válvula de abertura que permite o seu esvaziamento. De resto, o mercado oferece a mesma gama de opções de duas peças, uma só peça, transparência, opacidade…


Estomas de respiração
Quando a ostomia é construída na traqueia, através do pescoço, intitula-se de traqueostomia. As causas mais frequentes são tumores na laringe, paragem respiratória ou cardíaca, e insuficiência respiratória grave.

«O estoma está na garganta, onde é colocado um tubo com um filtro que ajuda a substituir as funções da boca e do nariz na respiração: filtrar o ar, humidifica-lo, aquecer e arrefecê-lo».

Há filtros, cânulas, produtos para limpar as cânulas, esponjas próprias para proteger a pele e absorver as secreções, cintas de adesão. 



Outros acessórios
Protectores dos filtros dos sacos para o banho; spray removedor das películas autocolantes; spray barreira para protecção da pele; cintos para suporte dos sacos; adesivos hidrocoloides para reforço de aderência dos sacos; barras de silicone para preenchimento de pregas na pele; toalhetes de limpeza específicos; réguas para medir os estomas; tesouras próprias, de pontas curvas e arredondadas. 

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