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2 outubro 2025

Cancro da mama em mulheres jovens

Conheça os sinais de alerta e saiba como agir.

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Texto de Pedro Freitas Carvalho | Médico especialista em cirurgia geral e coordenador da Unidade da Mama, Hospital CUF Santarém


O cancro da mama continua a ser o tipo de cancro mais comum entre as mulheres portuguesas, e representa uma das principais causas de morte por can- cro no país, sendo que, nas últimas duas décadas, conforme demonstra o Registo Oncológico Nacional, tem-se assistido ao aumento da sua incidência em mulheres com menos de 45 anos. Entre 2001 e 2021, foram diagnosticados em Portugal mais de mil casos de cancro da mama nesta faixa etária, um número que levanta preocupações, já que falamos de diagnósticos que ocorrem em fases mais avançadas da doença e com tumores com características biológicas mais agressivas.

A deteção precoce é determinante para o sucesso do tratamento, permitindo intervenções menos agressivas, melhor prognóstico e maior taxa de sobrevivência. É fundamental que todas as mulheres, incluindo as mais jovens, estejam atentas a alterações no seu corpo e procurem avaliação médica perante qualquer sinal suspeito. Os principais sinais de alerta incluem a presença de um nódulo ou uma massa palpável na mama ou axila, alterações no formato ou tamanho da mama, retração ou alteração da pele e, ainda, a presença de secreção anormal pelo mamilo.

Entre os fatores de risco mais relevantes destacam-se a história familiar de cancro, sobretudo em familiares de primeiro grau, e a predisposição genética para mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, que aumentam significativamente o risco de desenvolver não só cancro da mama, mas também do ovário. Além disso, fatores hormonais e reprodutivos também estão associados a um risco aumentado. Entre eles incluem-se o início precoce da menstruação, a menopausa tardia, não ter filhos, não amamentar e a exposição prolongada a estrogénios.

Embora nem todos os casos de cancro da mama possam ser evitados, a adoção de hábitos de vida saudáveis pode ajudar a reduzir o risco. Entre as recomendações de prevenção para evitar desenvolver uma doença oncológica incluem-se manter uma alimentação equilibrada, praticar atividade física regularmente, evitar o consumo de álcool, não fumar e manter um peso corporal adequado.

O diagnóstico de cancro da mama em idades mais jovens levanta desafios específicos e complexos, com impacto na vida pessoal, familiar e profissional: a alteração da imagem corporal pode afetar profundamente a autoestima, bem como a vivência da sexualidade; o impacto na carreira profissional pode ser significativo, com necessidade de ausências prolongadas, e, no contexto familiar, a preservação da fertilidade e a presença de filhos pequenos geram preocupação adicional. Estes fatores contribuem para um risco mais elevado de ansiedade e depressão. Por isso, é essencial garantir apoio psicológico especializado desde o diagnóstico.

O cancro da mama em mulheres jovens representa um desafio clínico, psicológico e social de elevada complexidade. É essencial reforçar a consciencialização sobre a possibilidade de cancro da mama em idades mais jovens, tanto entre os profissionais de saúde como na sociedade em geral, promovendo o diagnóstico precoce e contribuindo para melhores resultados clínicos, maiores taxas de sobrevivência e melhor qualidade de vida.