Dedicar tempo a causas é uma das prioridades de Lourenço Miguel. A promoção da acessibilidade para todas as pessoas, independentemente da forma como se deslocam é, porventura, aquela a que dedica mais tempo.
A realidade mostra que isto está longe de acontecer e, para o provar, dá o exemplo de uma simples ida às compras para quem se desloque em cadeira de rodas: «a maioria das lojas de rua não têm rampas», diz, «estamos a falar de mais de 90%». Já os centros comerciais «são acessíveis, mas os corredores das lojas são feitos de forma que tenha de entrar em linha reta e fazer marcha atrás», pois não é possível passar entre mostradores.
«Sempre tentei agarrar causas, tendo eu alguma facilidade de comunicação». As redes sociais são um dos meios que usa como «uma plataforma para ter voz» e «tentar combater desigualdades». A questão da acessibilidade é algo que o toca diretamente, mas que já o ultrapassa. «Sei que nunca vão deixar de ser um tema na minha vida, mesmo que fique 100% bem e deixe de precisar da minha scooter ou da cadeira de rodas».
Outra parte do seu trabalho é feito com plataformas eletrónicas de transporte. Teve más experiências, que partilhou na sua conta de Instagram, e recebe relatos de pessoas que passaram pelo mesmo. «Uma pessoa acabou de me dizer que há quatro anos não saía à noite porque os pais não o podem levar e como teve uma má experiência recusa-se a passar por isso outra vez».
Lourenço começou a trabalhar com uma destas plataformas e considera que houve um «boost gigante na oferta e mesmo de consciencialização». Está muito satisfeito pela colaboração e por poder fazer parte das suas formações. Voltando à pessoa que lhe disse que teve uma má experiência com um TVDE (transporte individual de passageiros em veículo descaracterizado), «voltou a sair por causa disto».
Sobre a sua batalha pela mobilidade, desabafa que «não devia ser assim». Porque poder deslocar-se sem barreiras «não é ter de pedir por favor a alguém para abrir uma porta e pôr a rampa naquela hora específica, mas é a pessoa poder ter a autonomia de decidir ir a um sítio de repente e a acessibilidade não ser um ponto contra».