A Europa caminha para o processo clínico único, que se tornará numa realidade dentro de poucos anos, e Portugal está em posição de se tornar num excelente exemplo para o resto dos países sobre o que é este processo e a sua importância, defende Miguel Guimarães, anterior bastonário da Ordem dos Médicos. As perspetivas são mais do que boas, argumenta, dado o nível de desenvolvimento informático na área da Saúde, de que a receita eletrónica é um exemplo. A distância entre a perspetiva e a consumação do facto mede-se em vontade do Estado, já que é preciso que o investimento necessário seja assumido como uma prioridade.
«Falamos de algo que dá trabalho, porque têm de ser integrados vários e diferentes sistemas, e têm de se convencer os setores privado e social de que esta necessidade é imperiosa para conseguirmos, de facto, ter uma maior eficiência na utilização da informação». As mais-valias para todos os operadores, e em especial para os doentes, levam-no a desejar que se avance rapidamente nesse sentido, e considerando que a proteção dos dados das pessoas deverá ser gerida pelas próprias. Para o médico, as farmácias comunitárias têm um papel «fundamental», sublinha, na área que está convencido deverá ser a prioridade entre fronteiras: a proteção da saúde, através da literacia e prevenção da doença. «O nosso objetivo tem de ser ter mais pessoas saudáveis e menos pessoas doentes. Uma coisa é tratar doentes. Faz-se nos hospitais e nos cuidados primários, e também pode haver integração de cuidados nas farmácias. Mas na prevenção o papel dos farmacêuticos não é acessório, é muito importante. Nós temos farmácias distribuídas pelo país inteiro. Como dizia António Arnaut, elas são o braço longo do SNS».