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2 agosto 2019
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Mário Pereira Fotografia de Mário Pereira

Artes serranas

​​​​​​​As mantas, as cestas de junco e a gastronomia das serras.

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As mantas coloridas feitas de lã, conhecidas sobretudo como mantas de Minde, são também típicas de Mira de Aire. As duas freguesias estão separadas por menos de cinco quilómetros. «Era uma manta que toda a mulher tinha no seu enxoval», conta a enfermeira Clarisse Louro, que recorda as mulas e os burros enfeitados com uma manta quando vinham das aldeias a Porto de Mós, nas festas de São Pedro.

«As mantas fabricavam-se tanto em Minde como em Mira de Aire, mas eram sobretudo comercializadas em Minde», explica Luís Micael, sócio da Pombo & Azevedo, empresa criada pelo seu pai há 45 anos. «Cada pessoa tinha um tear artesanal e fazia a sua manta». As mantas de Minde eram feitas de lã e cardadas na ponta. Nisto eram diferem das de Mira de Aire. As fabricadas por Luís Micael são feitas de algodão. O negócio corre «bem», assegura, e há muita procura, «graças ao turismo».

Original é também a cestaria feita com o junco. As cestas eram usadas pelas mulheres para levarem a merenda a quem andava a trabalhar nos campos. «A rainha Letízia, de Espanha, comprou cá uma cesta e agora elas correm o mundo nas grandes revistas de moda», orgulha-se Clarisse. As malas de junco criadas por Esperança Vitória vieram dar uma roupagem distinta ao produto rural. Tornaram-se um acessório de moda. A marca é uma homenagem à avó Vitória, que ensinou o ofício ao pai. «A cestaria está na família há 65 anos», explica. O negócio começa na apanha do junco e termina com a colocação da etiqueta. A marca é vendida online e através de representantes, no estrangeiro. «Somos uma unidade produtiva artesanal, mas fazemos a diferença pelo mundo».

Enquanto a serra é rica em calcário, a argila destaca-se nas freguesias do Juncal e Calvaria de Cima, a noroeste do concelho. A argila justificou a construção da Real Fábrica do Juncal, no final do século XVIII. A fábrica notabilizou-se pela inconfundível faiança feita «à maneira do Juncal». Também é dela os azulejos que decoram a Igreja do Juncal.

A gastronomia está intimamente ligada à vida serrana. Destacam-se o cabrito assado no forno, a morcela de arroz e o tortulho, feito da tripa do carneiro. Mel, queijos, azeite, ervas aromáticas e pão caseiro são outras iguarias. «Na aldeia da minha avó coziam o pão, que dava para a semana inteira e para toda a gente», recorda Clarisse. Na doçaria sobressaem os “bolos de cabeça”, chamados assim porque iam à cabeça das pessoas nas procissões. Têm feitio de coração, por serem oferecidos «com sentimento e emoção», até nos casamentos», explica Benvinda Cláudio, natural da freguesia de Alcaria. São também típicas as rocas (bolos fritos) e os parrameiros, feitos quando se cozia a broa, a que se juntava mel, erva-doce e azeite. «A fome era mais que muita e eram os únicos doces da altura. Para as crianças, eram uma delícia».​​

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