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28 novembro 2024
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa

«Acompanhamento farmacêutico foi fator crítico de sucesso»

Rastreio de prevenção do cancro gástrico nos Açores permitiu rastrear mais de 1000 utentes. Nove em cada dez pessoas aceitaram participar. 
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A adesão da população ao Programa de Rastreio Oportunista de Helicobacter pylori (POHp) foi superior a 90%, o que torna esta experiência um caso de sucesso. Mais de 1000 habitantes da ilha Terceira aceitaram participar neste rastreio que permite a identificação precoce e tratamento de pessoas infetadas por esta bactéria, e que envolveu a participação das farmácias locais. 

«O acompanhamento, feito de forma próxima pelo profissional da farmácia, juntamente com o encaminhamento dos casos positivos para consulta médica, foram fatores críticos no sucesso da iniciativa», garante Teresa Almeida, da Direção da Associação Nacional das farmácias, um dos parceiros do programa. 

O POHp arrancou em março em 11 farmácias da ilha, 92% da rede de farmácias local, tendo a primeira fase terminado em julho. Durante cinco meses, a população com idade acima dos 18 anos foi oportunisticamente convidada a participar no rastreio e acompanhada no processo de recolha de amostras. 

As pessoas eram incentivadas a realizar o rastreio pelo seu farmacêutico, que lhes explicava a importância do mesmo e como podiam participar. Quando os utentes concordavam, o farmacêutico entregava-lhes um kit para recolha da amostra, constituído pelo tubo de recolha da amostra, um folheto explicativo de como proceder à recolha e consentimentos informados, a serem assinados pelo utente e farmacêutico. No máximo após dois dias, o utente entregava a amostra na farmácia e esta era enviada para o Serviço Especializado de Epidemiologia e Biologia Molecular (SEEBMO), do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT). O utente recebia depois a comunicação dos resultados e e, em caso de teste positivo, era agendada uma consulta médica para dar início ao processo de erradicação da Hp. 

«As farmácias ajudaram a promover a literacia em saúde dos utentes quanto ao Helicobacter pylori (Hp) e à importância dos rastreios na prevenção de cancro», considera Teresa Almeida, lembrando que foram concebidos materiais de divulgação que apoiaram este esforço de informação e sensibilização. 

De referir que o cancro gástrico é um dos cancros mais frequentes e mortais no mundo. Em 2020, era a sexta neoplasia mais frequente e a terceira causa de morte por cancro em Portugal, representando 7,7% das 30.000 mortes anuais por cancro. O fator de risco para cancro gástrico mais relevante é a infeção por Hp, estando a bactéria classificada como carcinogénico de tipo 1 pela OMS. Estima-se que a infeção por Hp esteja associada a 78% de todos os cancros gástricos e a cerca de 30% de todas as neoplasias associadas a infeções.

Apesar da sua importância enquanto fator de morbilidade e mortalidade, este tipo de cancro não tem sido considerado prioritário nas políticas de saúde pública implementadas nas últimas décadas. O Programa de Rastreio Oportunista de Helicobacter pylori (POHp) vem mostrar que é possível inverter esta situação com resultados muito positivos.