A Nutrição Funcional, uma área das ciências da nutrição, tem como propósito o estudo e aplicação da função dos alimentos adaptado a cada pessoa. Partindo da definição de saúde da OMS, como o estado de bem-estar físico, mental e social, a consulta de Nutrição Funcional tem como objetivo promover a vitalidade positiva de forma integrativa. O que se pretende não é apenas mais anos de vida, mas mais anos de vida com saúde e bem-estar. Resultado da interação entre vários sistemas.
A maioria das pessoas pensa que a nutrição se foca na avaliação do corpo, para determinar se a massa corporal apresenta níveis saudáveis, identificar a quantidade de massa gorda e de massa muscular. A nutrição funcional vai mais longe.
Um estudo completo deve contemplar análises bioquímicas, para entender as vias metabólicas e o estado nutricional com precisão. Pode ser necessário realizar testes de avaliação da microbiota intestinal (composta pelos microrganismos que habitam no intestino e têm a capacidade de proteger ou prejudicar), de modo a verificar os metabolitos que estes também produzem. Em conjunto com os sinais e sintomas da pessoa são estas as ferramentas mais utilizadas na nutrição funcional.
A integração do paciente numa teia de interconexões constituída por sete sistemas agrupa- dos por função, nos quais estão distribuídos os órgãos do corpo humano, permite uma avaliação global e encarar o indivíduo como um todo. O profissional deve procurar identificar, compreender e trabalhar detalhadamente o organismo através destes sistemas para equilibrar, corrigir deficiências nutricionais, bem como para prevenir disfunções e patologias.
Neste exercício, inclui-se a assimilação (saúde gástrica e intestinal), biotransformação e eliminação (saúde hepática), transporte (circulação sanguínea e linfática), energia (metabolismo energético, função mitocondrial, etc.), integridade estrutural (celular e de estruturas como osso, músculo e pele), defesa e reparo (sistema imunitário), comunicação (hormonas, neurotransmissores, etc.).
Quando o organismo está equilibrado, não há queixas. Não são normais sintomas como dores de cabeça, inchaço abdominal, flatulência, manifestações dérmicas, queda de cabelo, unhas fracas, riscadas ou com manchas, a língua ter uma camada de muco branco ao acordar, ou a sensação regular de mau hálito.
Verdades absolutas como “come menos do que o que gastas” ou “fecha a boca e emagreces” não têm lugar na Nutrição Funcional sem mais nem menos. O funcionamento dos órgãos e das vias bioquímicas, a influência de fatores exógenos e antecedentes pessoais e familiares devem ser considerados. O estilo de vida, desde a prática de atividade física, o sono, as relações sociais, o uso de medicamentos e a alimentação desempenham uma influência decisiva no nosso bem-estar.
Vejamos porquê: Somos aquilo que absorvemos. Se a dieta não for "limpa" e incluir produtos processados, como pudins proteicos ou barras energéticas com componentes inflamatórios, a consequência inevitável será o desequilíbrio intestinal. Dificilmente se atingem objetivos se as necessidades de micronutrientes, vitaminas e minerais não forem cumpridas.
A correta ingestão hídrica e o jejum são estratégias incontornáveis. Tomando por referência uma pessoa ativa que pretende perder peso mas esteja constantemente a petiscar, é previsível que essa ação tenha como consequência camuflar a sede. Manter esse padrão cria uma falsa perceção de apetite, provocando défice de ingestão hídrica e aumento da ingestão calórica. Por outro lado, o jejum, pela atuação fisiológica e pela janela de alimentação encurtada, funciona como grande impulsionador para perder peso. Tal só deve ser feito com acompanhamento do profissional de saúde, uma vez que não é adequado a todas as pessoas e deve ser criado um plano adequado a cada um.
Em resumo: do mesmo modo que o peso de uma pessoa é a soma dos pesos de todas as partes que o constituem, a saúde é composta por todas as partes que afetam o quotidiano e cada componente do corpo humano.
