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29 abril 2017
Texto de Rita Leça, enviada especial a Buenos Aires Texto de Rita Leça, enviada especial a Buenos Aires Fotografia de Paola Gallarato Fotografia de Paola Gallarato

Como é Bergoglio?

​​​​​​​Padre Osvaldo Gloverdans trabalhou com o então Cardeal de Buenos Aires.

Partilhavam cerimónias especiais: casamentos importantes, missas da Páscoa, festas do Corpo Santo… «Bergoglio gostava de vir à nossa paróquia celebrar alguns dos momentos mais importantes», lembra o padre Osvaldo Gloverdans, da Basílica do Espírito Santo, em Buenos Aires - Argentina, que nunca perdia o discurso que o cardeal Jorge Mario Bergoglio proferia, anualmente, em frente à Catedral. «Era uma espécie de ordem para o resto do ano».

Foi, precisamente, ​numa dessas missas, em frente à Praça de Maio, que o padre Osvaldo ficou impressionado com a habilidade de Jorge Mario Bergoglio para lidar com um senhor da plateia que interrompeu a missa com um altifalante para gritar palavras «que não entendíamos bem».

«Num dado momento, ele [Bergoglio] disse: “Apercebem-se que esta é a voz do povo? Esta é a voz das pessoas que não podem expressar-se! Esta é a voz de alguém que está privado da sua própria voz e que agora atira para o ar mensagens que talvez não entendamos! Mas esta é a manifestação de que o povo não tem possibilidade de se expressar com clareza.” E nós dissemos: “Que hábil!”».

Uma habilidade de quem está «atento à condição humana», mas também de quem «soube captar as falhas» ao seu redor.

Para o padre Osvaldo, há três características fortes quando se fala de Bergoglio: ele é «portenho, peronista e jesuíta».

Portenho - nome dado aos habitantes de Buenos Aires, cidade que antes se chamava Ciudad de la Trinidad, Puerto de Santa María de los Buenos Ayres, e que representou o posto portuário mais importante do país - porque se chama portenho «àquele que sabe tudo e que se julga superior aos outros», explica o padre Osvaldo.

Peronista, porque «realmente, ele é peronista», seguindo as políticas dos governos de Juan Domingo Perón, ideologicamente marcado por preocupações sociais viradas à esquerda.

Além disso, «ele é jesuíta e é tão difícil saber o que pensa um jesuíta. São muito hábeis, muito inteligentes, muito estudiosos», enumera o padre, acrescentando que, ainda para mais «ele tem um carisma natural».

Características que, seguramente, ajudaram Bergoglio a tornar-se o Papa Francisco.

 

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