«E se, no futuro, o trabalho do farmacêutico passar a ser feito por um robot?», lançou Daniel Vieira, analytics director da Emnos. «Já existe uma máquina que gere as prescrições médicas, indica as farmácias mais próximas, avisa sobre a meteorologia e até diz piadas segundo o nosso gosto ou escolhe a nossa música favorita», disse, referindo-se ao Amazon Echo, um aparelho de inteligência artificial com dados personalizados à medida de cada utilizador. Também há o IBM Watson, «um computador cognitivo que ajuda a diagnosticar e responde a questões sobre temas variados». Exemplos como estes serão considerados comuns muito em breve.
«E quando o Amazon Echo, por exemplo, conseguir identificar e tratar uma tosse ou uma gripe, qual será o papel dos farmacêuticos?», perguntaram os congressistas. A resposta veio com um sorriso de quem compreende os desafios que a tecnologia traz: «A máquina pode ser uma grande ajuda, mas a presença do farmacêutico será sempre importante, pelo toque humano, a empatia e o entendimento. O grande desafio da farmácia tradicional é adaptar-se às novas tecnologias».
Bom exemplo de adaptação em tempos de mudança é a plataforma Payback, onde várias marcas agregadas criam valor entre si através de cartões de fidelização – quando um cliente realiza uma compra recebe pontos no cartão que podem ser trocados por produtos nos estabelecimentos associados.

A marca de postos de abastecimento de combustível alemã Aral/BP está no universo Payback desde 2006. «Foi muito importante conhecer o perfil dos nossos clientes», disse Manuel Werner, senior loyalty advisor da marca, acrescentando que o próximo passo será «aprofundar ainda mais esses conhecimentos através do cruzamento de dados com o Payback», para depois «dividir os consumidores por segmentos e saber qual o melhor momento e o melhor canal para comunicar».
As vantagens do Payback, segundo Lisa Schmitz, responsável pelo projecto: «Oferece prémios combinados, já que muitas marcas inter-relacionadas fazem com que o consumidor junte pontos mais rapidamente e, assim, consiga obter mais facilmente a recompensa para o seu gasto; as ofertas são personalizadas de acordo com o comportamento do consumidor; garante mais flexibilidade no pagamento (troca de pontos para grupo mais alargado de produtos)».
O cartão Saúda das Farmácias Portuguesas é um caso exemplar. «Pela minha análise, estão a fazer tudo bem. Mas é preciso paciência e tempo para ganhar escala e utilizadores. Por exemplo, o Payback demorou 12 anos para chegar onde agora se encontra», afirmou Daniel Vieira, que apoiou a ANF na implementação do projecto.