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30 setembro 2021
Texto de Jaime Pina (Fundação Portuguesa do Pulmão) Texto de Jaime Pina (Fundação Portuguesa do Pulmão)

Bronquiolite ou asma?

​​​​​​​​​​Sintomas parecidos, causas e efeitos diferentes. Aprenda a identificar.​

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As crises de dificuldade respiratória dos filhos, sobretudo os mais pequenos, são muito perturbadoras para os pais. Nestas crises, a criança manifesta óbvias dificuldades, respirando mais depressa e superficialmente. Apresenta retracção dos espaços entre as costelas em cada ciclo respiratório, usa o abdómen para poder respirar melhor e a respiração é ruidosa, ouvem-se sibilâncias. Na grande maioria das vezes, estas crises terminam nos serviços de urgência hospitalar. Em quase todos os casos estamos perante uma de duas situações: um episódio de bronquiolite ou de asma. 

Sendo diferentes, estas condições têm dois pontos em comum: uma inflamação e uma constrição dos brônquios. São elas que causam a obstrução à passagem do ar, originando a dificuldade respiratória.

Há, no entanto, muitas diferenças entre um episódio de bronquiolite e um de asma. Vejamos algumas:

Na bronquiolite, doença que afecta as crianças normalmente até aos dois anos de idade, a inflamação é, na grande maioria dos casos, de origem viral e atinge os bronquíolos. Esta virose das vias respiratórias predomina no Inverno, e é acompanhada de febre e sinais inflamatórios nas vias aéreas superiores: espirros, nariz entupido, secreções nasais ou rouquidão. O principal perigo de uma bronquiolite prende-se com a possibilidade de poder causar uma deficiente oxigenação do sangue, realidade que pode ser suspeitada por uma coloração mais escura dos lábios, das unhas ou dos lobos das orelhas. Neste caso, é obrigatório recorrer a um serviço de urgência hospitalar para monitorizar os níveis de oxigénio. Em muitos casos, a criança, sobretudo mais pequena, fica internada. Na origem das bronquiolites destaca-se o vírus sincicial respiratório (VSR). Este vírus, responsável por muitos episódios, tem uma incidência predominantemente invernal, adquire carácter epidémico em cada três, quatro crianças, e afecta, sobretudo, os bebés até aos dois anos.

Quanto à asma, uma das doenças crónicas mais comuns na infância, manifesta-se igualmente por episódios agudos de dificuldade respiratória com respiração sibilante. Sabemos que tem uma base genética e um marcado componente ambiental. A causa alérgica está na maioria das vezes implicada, com evidente relação causa-efeito: a criança desencadeia uma crise de asma quando em contacto com os alergénios a que está sensibilizada: o pó da casa, os pólenes, bolores e epitélios de animais são os mais frequentes. Porém, essa relação causa-efeito ultrapassa muitas vezes a componente alérgica. Outros factores, como as emoções, infecções respiratórias, exercício físico (asma induzida pelo exercício) ou o contacto com ar muito seco, frio ou poluído podem, igualmente, provocar episódios de asma. Uma ênfase particular vai para o tabagismo passivo: nas crianças coabitando com pais ou outros familiares fumadores registam-se mais episódios, quer de bronquiolites, quer de asma. O fumo do tabaco provoca inflamação em toda a árvore brônquica.

As bronquiolites e a asma, sendo doenças diferentes, estão relacionadas. É muito frequente as crianças que sofrem de episódios de bronquiolite nos primeiros meses de vida desenvolverem mais tarde asma brônquica. Porém, a causa dessa relação não é consensual: nalguns casos aceita-se que as bronquiolites apenas destaparam uma condição pré-existente, a de se sofrer de asma brônquica. Noutros, acredita-se que as alterações estruturais e funcionais induzidas por vírus mais agressivos possam ter sido a causa da asma.
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