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21 junho 2016
Texto de Maria Jorge Costa Texto de Maria Jorge Costa Fotografia de Paulo Neto Fotografia de Paulo Neto

Genéricos financiam inovação

​​​​​​​​​​Estagnação da quota de genéricos preocupa regulador português do medicamento.​

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Aumentar a quota de genéricos é imprescindível para garantir o acesso dos doentes portugueses à inovação terapêutica. «É fundamental utilizar ao máximo os produtos fora de patente para libertar verbas para os novos medicamentos, em áreas como a hepatite ou a oncologia», declarou Helder Mota Filipe, vogal do conselho directivo do INFARMED. Para este responsável, Portugal tem um limite orçamental de 2 mil milhões de euros para medicamentos. «É com este orçamento que temos de viver», declarou. O problema é que «estão a chegar ao mercado medicamentos verdadeiramente inovadores, alguns deles disruptivos, mas em regra caros». Em 2015 foram aprovados no sistema europeu 93 novos fármacos, dos quais 39 são novas moléculas. A inovação terapêutica, somando os mercados hospitalar e ambulatório, represen​tou 120 milhões de euros ao orçamento do SNS. «Temos de estar preparados para acomodar a inovação num mercado que não é elástico», declarou o professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa chamado a funções directivas na entidade reguladora.

O orador, no entanto, vê grandes oportunidades para as farmácias nos próximos anos. E chamou a atenção dos congressistas para o mercado dos dispositivos médicos, que ascende a mil milhões de euros, 60% a 75% dos quais correspondentes a mercado SNS. Helder Mota Filipe recordou que são dispositivos médicos todos os produtos que permitem prevenir, tratar ou diagnosticar doenças, mas ao contrários dos medicamentos não actuam por via metabólica. Uma ligadura, uma cadeira de rodas, uma incubadora, um TAC e um stent são dispositivos médicos. Mas há toda uma nova gama de novos aparelhos disruptores, que tornaram «um drama» a tarefa dos reguladores. Exemplos? Engenharia de tecidos, cirurgias computorizadas,  lentes  de contacto que permitem monitorizar em permanência a glicemia e transmitir resultados através da tecnologia wireless. As tecnologias de informação estão a criar um fenómeno novo: doentes monitorizados 24 horas por dia. Isto representa uma oportunidade de negócio, mas também um desafio à formação dos farmacêuticos. «As farmácias vão ser o canal natural para esta nova tecnologia e é preciso criar competência para a sua boa utilização», declarou Helder Mota Filipe. E notou que, com os smartphones, «hoje em dia toda a gente anda com um médico no bolso.

A Europa está a alterar a legislação sobre dispositivos médicos para responder a um mercado onde todos os dias há novidades. «Se as novas tecnologias forem incluídas no diagnóstico, prevenção ou tratamento de um determinado indivíduo, passam a ser qualificadas como dispositivo médico», anunciou o director do INFARMED.

O novo ambulatório

Helder Mota Filipe alertou para a necessidade das farmácias comunitárias se preparem para o aumento do ambulatório nos cuidados clínicos. Considera previsível que venham a manusear cada vez mais medicamentos actualmente de uso restrito aos hospitais, como a terapia oral oncológica e os medicamentos antiretrovirais. Mas a tendência vai para além disso. «A ciência transformou patologias mortais em patologias crónicas. Vivemos mais tempo com mais doenças, mais medicamentos, mais dispositivos e maior capacidade de autogerir a utilização. É preciso alguém que ajude na autogestão. Por isso defendo que as farmácias e os farmacêuticos são um elo importante nesta cadeia», afirmou o vogal do Conselho Directivo do INFARMED.

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