Política de utilização de Cookies em Revista Saúda Este website utiliza cookies que asseguram funcionalidades para uma melhor navegação.
Ao continuar a navegar, está a concordar com a utilização de cookies e com os novos termos e condições de privacidade.
Aceitar
4 janeiro 2024
Texto de Telma Rocheta (WL Partners) Texto de Telma Rocheta (WL Partners) Fotografia de Eduardo Martins Fotografia de Eduardo Martins

Barão de Forrester, o inglês que deu a vida pelo Douro

​​​​​Figura de grande relevo para o Douro, para cujo desenvolvimento contribuiu.​​

Tags
Nasceu em Hull, Inglaterra, em 1809. Morreu num naufrágio no Cachão da Valeira, uma zona de rápidos que só em 1975 uma barragem regularizou completamente. Afogou-se no Douro que tão bem compreendia a poucos dias de completar 52 anos num acidente que ficou lendário. E o facto de o seu corpo nunca ter sido recuperado acrescenta mistério à tragédia. Joseph James Forrester chegou ao Porto em 1831, com apenas 22 anos, para trabalhar com o tio na empresa exportadora de vinhos, a Offley, Forrester & Webber. Nos trinta anos que medeiam a chegada a Portugal e a sua morte, contribuiu para o desenvolvimento do Douro e, por esse facto, pela primeira vez um estrangeiro recebeu um título nobiliárquico. O rei D. Fernando II atribuiu-lhe o título de barão de Forrester em reconhecimento dos seus minuciosos e monumentais trabalhos de cartografia do vale do Douro, como o “Douro Português”, e pela sua contribuição para a excelência do principal produto de exportação português, o V​inho do Porto. Artista além de comerciante e estudioso, Forrester ilustrava as suas obras com belos desenhos.

Conta o historiador Joel Cleto que com a fabulosa fortuna feita com a exportação de vinhos pôde não se poupar a despesas e mandou construir um barco rabelo luxuoso para as suas navegações. E nesta embarcação calcorreou o Douro, registou afluentes e rápidos, chegou às povoações e às quintas distantes perdidas nos socalcos. Poucos dos seus contemporâneos conheciam o rio como o inglês. 

No dia em que morreu não ia na sua embarcação. A convite da famosa D. Antónia - a Ferreirinha, como era conhecida - e do seu milionário marido, o inglês estava já há um semana na Quinta do Vesúvio, uma das mais importantes propriedades da região. A 12 de maio de 1861, dias depois de chuvas intensas, um grupo de 15 convidados do casal descia o rio, até que na zona do temido Cachão da Valeira, o barco não aguentou a turbulência das águas. Conta-se que D. Antónia salvou-se graças às volumosas saias que se abriram como uma boia, enquanto o barão de Forrester descia a pique por não se ter libertado do saco de moedas que carregava.  No livro “O Vinho do Porto”, onde Camilo Castelo Branco investiga o naufrágio, o escritor defende que o barão morreu de forma mais prosaica, com uma pancada do mastro que o atordoou.
Notícias relacionadas