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22 dezembro 2017
Texto de Carina Machado Texto de Carina Machado Fotografia de Miguel Ribeiro Fernandes Fotografia de Miguel Ribeiro Fernandes

Abem levou beneficiários ao Museu da Farmácia

​​​​Um dia diferente proporcionado pela Rede Solidária do Medicamento. 

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É Natal e o Programa Abem resolveu, pelo segundo ano consecutivo, presentear os seus beneficiários com um dia diferente, desta feita no Museu da Farmácia, em Lisboa e no Porto.

Miúdos e graúdos, de diferentes pontos do país, tiveram oportunidade de embarcar numa história com mais de cinco mil anos e que transporta os visitantes através de diferentes civilizações e geografias. E, no final, invariavelmente, a confissão da surpresa, por se tratar de um museu tão inesperado.
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Assim aconteceu com Casimiro Moreira e Isabel Baptista, ambos beneficiários do Abem, referenciados pelo Centro Comunitário e Paroquial de Rio de Mouro. 

Ele, não fossem as limitações que o corpo lhe impõe, e seria certinho que voltava com os amigos. «Vale muito mais isto do que uma ida ao cinema ou ao teatro. Gostava de voltar com mais tempo, ver tudo com mais atenção. Posso não o conseguir, mas vou falar disto aos meus amigos». Impressionou-o, particularmente, a ala dedicada à guerra. «Andei por África. Era bombeiro e tinha o curso de primeiros socorros, por isso meteram-me nas enfermarias. Vi muitos lenços como os que estão expostos, muitos». 



Isabel não tem memórias. Perdeu-as com os AVC. O registo das coisas permanece-lhe por pouco tempo na cabeça. Mas até isso é uma conquista. «Fiquei sem saber quem era, perdi tudo de mim mesma. Mas sou forte, treino. Leio muito, escrevo. Hoje sei quem sou, a minha idade, o meu problema, onde moro. O resto tenho de escrever para não perder». Garante que tem muito para contar ao papel e a si mesma, quando se voltar a ler, sobre o dia de hoje. «Vou escrever que adorei, a colecção e as pessoas que nos receberam. Foi mesmo muito interessante e acolhedor». O que viu no Museu da Farmácia está longe do que imaginou que seria. Agora só tem de lidar com a urgência da escrita para que guarde consigo tudo quanto viu e aprendeu.



Sandra Figueiredo vem de Setúbal. É beneficiária do Abem, referenciada pela Cáritas Diocesana daquela cidade. Fala baixinho, com dificuldade. A culpa é do problema grave que tem nos pulmões. Mas isso não a impediu de acompanhar toda a visita. Faz-se acompanhar da bomba, sempre, e insiste em agradecer a dádiva do cartão Abem. «Mudou a minha vida. Mudou. Não podia tomar os medicamentos, porque não tinha dinheiro para os comprar. Só esta bomba ficava-me em 40 euros. Não dava».

Casimiro, Isabel e Sandra eram três entre os 200 mil portugueses que não têm acesso aos medicamentos de que necessitam. Hoje fazem parte de um grupo de 3.177 beneficiários do Programa Abem: Rede Solidária do Medicamento, criado pela Associação Dignitude para apoiar pessoas carenciadas com a sua medicação. 

O Abem assenta numa rede de parcerias que assegura o circuito solidário do medicamento. Qualquer pessoa em situação de carência pode ser referenciada ao programa pelas entidades locais parceiras, que vão desde juntas de freguesia e câmaras municipais a IPSS e outras instituições da área social.

Depois de referenciado, o beneficiário tem acesso a um cartão, bastando apresentá-lo numa farmácia parceira para poder adquirir os medicamentos comparticipados que lhe forem receitados sem custos.

O programa Abem é financiado por um fundo solidário, 100% dedicado à compra de medicamentos, alimentado por uma campanha permanente de fundraising, onde se inserem campanhas como a “Dê Troco a Quem Precisa”, a decorrer nas farmácias até ao dia 24 de Dezembro.
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