Na ausência de consulta médica prévia, o utente devemos ter consciência de que a automedicação acarreta riscos, os quais são diminuídos se seguir as indicações do folheto informativo e, preferencialmente, se optar pelo aconselhamento farmacêutico.
No decorrer da automedicação, o utente deve consultar o médico ou o farmacêutico se:
- os sintomas continuarem;
- os sintomas agravarem;
- existir dor aguda;
- surgirem reações adversas aos medicamentos;
- suspeitar que se trata de uma situação mais grave;
- tiver outras doenças;
- estiver a tomar outros medicamentos.
Só uma pessoa informada e consciente será capaz de assumir, em segurança, a gestão da sua saúde. O aconselhamento dos profissionais de saúde, complementado pela leitura do folheto informativo, é o melhor meio de assegurar a utilização segura e eficaz dos MNSRM.
A orientação por um profissional de saúde é fundamental, seja ele o seu farmacêutico ou o seu médico de família, a quem deverá recorrer sempre que a situação o justifique.
Um e outro, pelo conhecimento que têm de si, são as pessoas mais habilitadas para optarem entre dois medicamentos similares, pois há fatores a serem levados em linha de conta, nomeadamente as reações adversas de cada um dos fármacos e qual aquele que melhor se adapta a si. A toma de um medicamento, mesmo que seja de venda livre, não deve ser banalizada.
A prática da automedicação não deve, mesmo nos casos aparentemente mais simples, ultrapassar um pequeno número de dias e está fortemente desaconselhada a grávidas, a mães que amamentem, a crianças e a idosos – os grupos mais vulneráveis a este hábito.
Medicamentos inofensivos?
Os fármacos que mais aparecem na prática da automedicação são aqueles que se destinam a combater as dores ligeiras e os estados febris ligeiros, os que tratam tosse e resfriados, estados gripais ou perturbações digestivas. Tenha sempre em mente que não existem medicamentos completamente inofensivos e que os fármacos só devem ser tomados quando realmente necessitamos deles, isto é, quando um profissional de saúde os indica depois de uma avaliação cuidadosa da situação e do doente. Como certamente já terá notado, quando o seu farmacêutico lhe aconselha um medicamento para o alívio de um mal-estar, recomenda-lhe uma visita ao seu médico caso haja persistência ou agravamento dos sintomas.
O papel do farmacêutico
O farmacêutico é o especialista do medicamento e está preparado para alertar para as interações, contraindicações e precauções, sobretudo quando dispensa medicamentos a doentes crónicos. Após avaliação de toda a terapêutica que o doente está a fazer e dos sintomas descritos, é indicado um tratamento que seja seguro e efetivo e no caso de identificar eventuais interações ou precauções a ter, informa o doente sobre as medidas que devem ser tomadas para minimizar os riscos.
O mais complicado (e perigoso) na automedicação é que a sua prática pode agravar a doença que se pretende tratar e mascarar sintomas que permitem identificar determinadas doenças mais graves ou pré-existentes. As pessoas com doenças que requerem tratamento crónico, ao fazerem automedicação que não seja orientada pelo farmacêutico, correm o risco de que ocorram interações entre os medicamentos que tomam regularmente e os não prescritos, podendo originar, por exemplo, reações adversas graves.
Sempre que a indicação do farmacêutico o oriente para a necessidade de uma consulta médica, mesmo para resolver queixas de situações ligeiras, recomenda-se que não se insista na automedicação uma vez que esta pode mascarar ou prejudicar seriamente a doença.
Compete ao farmacêutico transmitir ao doente os benefícios de uma automedicação segura e responsável, ajudando-o a distinguir o que é uma doença passível de automedicação, das manifestações que requerem prontamente uma consulta médica. É a qualidade da informação prestada pelo farmacêutico que poderá levar o doente a cumprir disciplinadamente e de forma segura o tratamento que lhe é proposto. Não hesite: procure o aconselhamento farmacêutico e assegura uma automedicação segura, responsável e eficaz.