O que fazer com as gemas dos ovos? Foi a procura da resposta a esta questão que criou uma das melhores doçarias mundiais. «No Mosteiro de Santa Maria de Arouca, de clausura feminina, aceitava-se ovos como forma de pagamento. As claras serviam para passar a ferro os hábitos das monjas, sobravam as gemas», conta-nos Carlos de Brito, responsável pela Fundação Real Irmandade.
Os doces conventuais de Arouca foram criados e aperfeiçoados durante centenas de anos, no maior dos segredos: «Faziam a doçaria à porta fechada e as criadas, com os ouvidos colados à porta, tentavam decifrar a receita consoante os barulhos que ouviam», conta Ana Helena Pinto, nutricionista e anfitriã na visita pela vila.
Apenas três ingredientes – ovo, açúcar e amêndoa – dão origem a uma extensa panóplia de doces: roscas de amêndoa, barrigas de freira, castanhas doces, charutos de amêndoa, morcelas doces, só para nomear alguns.
Foi após a morte da última monja, Maria José Gouveia Tovar de Meneses, em 1886, que as receitas saíram do mosteiro para a rua, pela mão da afilhada e dama de companhia, Ana Emília de Almeida. «Começou a vender os doces porta a porta e as receitas passaram de geração em geração», lembra Jorge Bastos, responsável pela Casa dos Doces Conventuais de Arouca, situada na avenida principal, mesmo em frente ao mosteiro.
Mas não é apenas a imensa cozinha, com extenso fogão térreo a lenha, que vale a pena visitar neste mosteiro, fundado há mais de mil anos. «O coro das freiras, separado por uma porta de ferro da igreja, os claustros, para saborear as diferentes estações do ano, e o cadeiral, onde se discutia os assuntos mais importantes, são espaços notáveis», conta Ana Helena Pinto.
Hoje, parte do mosteiro prepara-se para se transformar num hotel. Também prestes a sofrer remodelações está o Museu de Arte Sacra de Arouca, um dos melhores da Península Ibérica.
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