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29 novembro 2019
Texto de Marta Xavier Cuntim (psicóloga clínica) Texto de Marta Xavier Cuntim (psicóloga clínica)

Manual de Natal para pais separados

​​​​​​Os rituais e as memórias constroem-se e adaptam-se.

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Natal é sinónimo de família. Mas, e quando as famílias estão separadas? Para cada pai e para cada mãe, os filhos são o mais importante. O Natal é para os miúdos e é neles que se deve pensar.

Para os pais, esta dinâmica é complicada, porque querem passar os dias especiais juntos dos filhos a criar laços e memórias. Famílias recém-divorciadas podem estar ainda à procura de uma nova identidade, equilíbrio e organização. É um processo de luto que choca com o simbolismo e a magia do Natal.

Os pais podem sentir ansiedade de separação, tristeza e angústia por não estarem com os filhos numa época em que tinham previsto estarem todos juntos. Podem ter de pensar numa nova forma de passar o Natal, em casa dos pais, avós ou amigos e com novos significados. 

A maioria dos pais tenta equilibrar os dias festivos o melhor que pode e consegue. Este equilíbrio, para os mais pequenos, traduz-se numa alternância entre a casa do pai e a da mãe. Entre o melhor Natal possível com toda a família junta e o Natal real com apenas metade da família.

Muitas vezes, as crianças têm sentimentos de culpa por se estarem a divertir com a mãe sabendo que o pai está sozinho. As lágrimas dos pais confundem os filhos, nomeadamente que lado escolher e para onde ir no dia 24 ou 25? Quem fica mais triste? Como corresponder a um e a outro se agora estão em pólos opostos?

Como em todas as adaptações a novas realidades, a comunicação tem um papel fulcral. Tendo em consideração o simbolismo da data, das memórias e expectativas, é essencial fazer um planeamento cuidado. É importante ter presente algumas ideias:

  • A família nuclear ficou mais pequena, mas a família alargada continua a existir.  Os avós, tios e primos continuam presentes e com mais espaço para novos papéis. É na família alargada que podem ser identificados elementos de referência para a criança: os avós, padrinhos, tios.

  • ​​Os filhos devem ser ouvidos antes do Natal, para exporem vontades e expectativas, tranquilizarem medos ou angústias; e, depois do Natal, para poderem expressar o que sentiram durante as festas.

  • Não colocar a criança perante decisões emocionalmente difíceis. Depois de ouvirem a criança, devem ser os pais a tomar as decisões mais difíceis. É forçoso assegurar que as crianças nunca se sintam a origem dos problemas e conflitos, ou que estão no meio de uma guerra entre os pais.

  • Os rituais e as memórias constroem-se e adaptam-se. Quando se sabe à partida o programa de Natal com os filhos, a ceia, a abertura de presentes e o almoço podem ser antecipados. Isto permite fortalecer a identidade familiar e afastar alguns medos. Além disso, o pai ou a mãe podem ter rituais próprios, que devem ser mantidos com as crianças.

  • Manter a ligação. Permita aos filhos ligarem à mãe ou pai ausente partilhar com eles a noite: o que comeu, os presentes, o que está a fazer. Este contacto torna a ausência menos pesada e diminui a sensação de escolha por um progenitor ou outro. Os pais devem falar de forma alegre e transmitindo segurança, para não demonstrarem ressentimento com a situação.

Ninguém tem culpa de um amor que acaba ou de laços que se rompem. As separações e os divórcios não são, por si, traumáticos, mas alguém tem culpa se as crianças acabarem no meio de uma guerra de adultos. 

Tente manter uma relação cordial e de respeito com o(a) seu(sua) ex-companheiro(a), mesmo existindo mágoas. Por muitos presentes que se dê às crianças, nada substitui a presença de um dos pais.
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