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29 junho 2023
Texto de Rodrigo Ayoub (médico ortomolecular) Texto de Rodrigo Ayoub (médico ortomolecular)

Voltar às origens

​​​​​​A vida atual fez esquecer as fundações da alimentação saudável: comida da terra, colorida, sem aditivos, jejum e atividade física.​

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O ser humano é uma máquina perfeita de funcionamento e autorreparação. Porém, nas últimas décadas aumentou o número de doenças oncológicas, que tanto assustam e encurtam a vida das pessoas.

Porque será que o cancro, esta doença tão rara há algumas décadas, se tornou tão prevalente?

Porque será que a Medicina evolui tanto e as pessoas morrem cada vez mais desta afeção?

Estudiosos atestam que não é possível explicar através de variações genéticas, o genoma humano não muda tão rapidamente. O período é muito curto para tal transformação.

Comparando a vida das gerações passadas com a atual, encontramos algumas condições que mudaram muito e às quais temos de centrar a atenção para melhor refletir:

1. ALIMENTAÇÃO. A comida mudou. É processada, artificial, embalada, aditiva. A comida era viva, tecnicamente falando: “biogénica”, era íntegra, naturalmente colorida, crescia da terra com a energia do sol. Além de energia vital, vinha carregada de nutrientes, vitaminas, antioxidantes, minerais, água, fibra, gorduras boas, proteínas, etc. O alimento era o nosso remédio. A cada refeição o corpo enchia-se de substrato para ativar as vias de saúde e proteção contra doenças. Incluindo o cancro. Hoje o alimento é tóxico, e passou a atrapalhar o funcionamento do corpo. Sobrecarrega o fígado, órgão vital, e desregula o intestino, comprometendo o funcionamento dos triliões de bactérias que nos ajudam a combater doenças. Mais de dois terços da nossa imunidade está no intestino.
Quem quiser ter uma ótima imunidade, viver muito e blindar-se contra essa terrível doença, tem de corrigir, ajudar e nutrir as amigas bactérias intestinais.

2. STRESSE. O segundo pilar da modernidade que afeta a saúde é o stresse. A vida sem tempo para nada, as ansiedades, as “doenças do pensamento”, muito estudadas por neurofisiologistas, como Robert Sapolsky, autor de: «Porque as zebras não têm úlcera». O stresse crónico liberta cortisol de forma desequilibrada, o que faz com que esta hormona vital se torne prejudicial, imunossupressora e facilitadora do aparecimento de doenças, principalmente as neoplasias. Temos de controlar o stresse, acalmar a mente, trabalhar a respiração, otimizar o sono… enfim, travar a vida acelerada que vivemos.

3. AMBIENTE TÓXICO. Ainda como fator de mudança de vida da atualidade é o ambiente tóxico que nos rodeia, carregado de radiações eletromagnéticas, disruptores endócrinos (substâncias semelhantes às hormonas que se ligam a recetores hormonais, alterando suas funções). Exemplo disso são os plásticos nas embalagens de água, metais pesados (como o mercúrio no peixe, alumínio nas cápsulas de café, níquel nos produtos cosméticos), poluentes no ar, na terra, na água…

É mesmo difícil ter saúde e ter um corpo desintoxicado no mundo atual… A solução é não focar no problema, mas praticar a solução.

Vamos retornar às nossas raízes, regressar às origens e voltar a comer alimentos da terra, naturais, integrais, sazonais, locais… voltar a ter um contacto íntimo com a natureza, aterrar no solo, apanhar sol de forma consciente, abraçar árvores, mergulhar em cascatas, admirar o mar e a linha do horizonte.

Estes hábitos são uma terapia anti-stresse, que permite fazer a ligação “fio terra”: descarrega a sua carga alostática (excesso de cortisol acumulado no corpo) e as suas hormonas voltam a funcionar com harmonia. O ambiente natural é desprovido de radiações prejudiciais ao nosso corpo, antes pelo contrário, ele reenergiza.

Estas mudanças de hábitos otimizam a sua energia, imunidade, qualidade de sono, permitindo aceder a um círculo virtuoso de saúde e bem-estar.
Como “cereja no topo do bolo” nas práticas de retorno aos nossos hábitos ancestrais e como um pilar fundamental nesse processo de otimização da saúde e prevenção de cancros estão o jejum e a atividade física. Quando realizados na Natureza podem ter os seus benefícios exponenciados. Ambas as práticas requerem um condicionamento e devem ser progressivamente aumentadas até à otimização plena da saúde. À luz do conheci​mento científico atual, são pilares intransponíveis de prevenção de doenças e promoção de saúde.

i) A interrupção voluntaria temporária da alimentação, o famoso jejum, nada mais é do que deixar o corpo em períodos de restrição alimentar. Num processo de adaptação, ele ativa vias de limpeza, como a autofagia. O biólogo japonês Yoshinori Ohsumi venceu, em 2016, o Prémio Nobel da Medicina precisamente com o tema. Pode ser resumida como um processo de reciclagem interna de nossas células e estruturas. «Jejum é o nosso médico interior», já dizia o médico suíço, Paracelso.

Colocar coisas que nos fazem bem, através de hábitos e alimentos saudáveis e retirar, ou minimizar a entrada no nosso organismo de coisas que nos desequilibram e fazem mal. Muito simples, muito primitivo, mas muito eficaz. É na simplicidade que está a verdade. É no nosso enraizamento e retorno às origens que está o segredo para deixar o nosso corpo voltar a ser a máquina perfeita que foi desenhada por tantas e tantas gerações.
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