Política de utilização de Cookies em Revista Saúda Este website utiliza cookies que asseguram funcionalidades para uma melhor navegação.
Ao continuar a navegar, está a concordar com a utilização de cookies e com os novos termos e condições de privacidade.
Aceitar
29 junho 2023
Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista) Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista)

Sexo seguro, verão feliz

​​​​Comportamentos sexuais menos protegidos são mais frequentes nas férias de verão, em ambientes descontraídos que desinibem os jovens.​

Tags
O verão chegou, as roupas estão mais ligeiras e atrevidas, os corpos mais expostos. Os jovens estão ávidos de férias. Os que já têm emprego anseiam por uns dias de descanso. Os estudantes estão prestes a deixar para trás as responsabilidades escolares e passar a ter mais tempo livre. Muitas vezes os mais jovens vão para longe da residência habitual, para um ambiente social e cultural diferente. Voltam a encontrar amigos que já não viam desde o verão anterior e surgem novos conhecimentos. É a época por excelência da socialização. Há festas, encontros e eventos ao ar livre. A conversa, a dança, o álcool, os corpos que se tocam são oportunidades para sentir a sensualidade dos outros, explorar a própria capacidade sedutora, estabelecer relacionamentos sentimentais e sexuais. O acesso generalizado à Internet e às redes sociais facilita os contactos e permite dizer à distância coisas difíceis de dizer presencialmente. O envio e receção de certas fotografias e vídeos favorecem a provocação e estimulam o desejo.

Os relacionamentos de verão são casuais e fugazes. Quase sempre limitam-se a flirts, beijos e toques, mas podem chegar a relações sexuais penetrativas. Avançar para esses comportamentos sexuais de maneira pouco ou nada protegida pode ter consequências sérias para a saúde sexual e reprodutiva, particularmente infeções sexualmente transmissíveis (IST), como candidíase, herpes genital, clamídia, micoplasma, blenorragia, tricomoníase, hepatite B, sífilis, cancróide e VIH, para além de uma gravidez inesperada.

Quais são os comportamentos e práticas sexuais em que são menos adotadas, ou esquecidas, medidas de proteção?

Seguramente, a mais frequente é o sexo desprotegido por não uso de métodos de barreira, ou seja, do preservativo masculino ou feminino. São dois métodos de uso obrigatório, que devem ser assegurados em todas as relações sexuais, incluindo sexo vaginal, anal e oral, e que têm a vantagem, particularmente o preservativo masculino, não só de evitar IST, mas também de prevenir uma gravidez indesejável. Note-se que, para este último objetivo, é sempre preferível o uso consistente e correto de pílulas contracetivas, ou outro método contracetivo. O recurso à pílula do dia seguinte não é solução, é apenas uma opção de emergência.

A comunicação aberta e honesta entre parceiros é difícil de pôr em prática num relacionamento casual e fugaz, típico dos ‘engates’ de verão, mas não deverá ser evitado ou esquecido. Não é apenas falar do uso de preservativos, é partilhar informações sobre os próprios históricos sexuais, importantes para diminuir o risco de uma IST e garantir uma experiência saudável. Por outro lado, uma conversa franca pode garantir respeito e consentimento: respeito pelos limites do parceiro ou parceira, consentimento antes de prosseguir com a atividade sexual.

Um pormenor muitas vezes ignorado ou esquecido, particularmente para quem já teve relacionamentos anteriores e recentes, é a conveniência de fazer prévios testes a IST. Isso pode garantir que se esteja livre de infeções e evitar a sua disseminação.

Um outro comportamento de risco é o consumo de bebidas alcoólicas antes ou durante o sexo. Se é certo que beber moderadamente pode desinibir a timidez e estimular os sentidos, o álcool em excesso afeta o comportamento, o discernimento e a tomada de decisões. O que pode revelar-se perigoso.

O consumo de drogas antes ou durante uma atividade sexual é, também, e sempre, potencialmente arriscada. A própria canábis, muito usada, socialmente aceite, descriminalizada mas ilegal, desinibe, cria uma sensação de bem-estar e aumenta o desejo sexual. Mas, tal como o álcool, em exagero o seu efeito psicotrópico afeta o comportamento e o discernimento, com a agravante de poder criar habituação e levar à busca de drogas com maior dependência.

Em suma, praticar sexo seguro é essencial para a saúde sexual da pessoa. Isso envolve o uso de métodos contracetivos como preservativos, juntamente com exames regulares de doenças sexualmente transmissíveis, moderação de álcool e canábis, evitação de drogas pesadas, comunicação aberta e honesta entre os parceiros sexuais.​
Notícias relacionadas