A realidade da pobreza não é estranha a Eugénio Fonseca. «Nasci numa família pobre. Sei o que é viver a pobreza.»
Mas eu fui pobre num tempo em que os pobres eram levados a aceitar a pobreza como uma condição natural de vida».
Hoje, viver pobre é mais difícil. «Há mais estímulos externos, mais coisas, mais futilidades. Por outro lado, evoluiu-se muito no modo como se olham os direitos e os deveres das pessoas».
Viver na pobreza deixou de ser algo com que a sociedade se conforma e é muitas vezes motivo de vergonha, diz. «Muitas pessoas me confessam: “Nunca pensei que poderia viver esta situação”. Muitas pessoas simplesmente não conseguem suportar uma vida de pobreza».
O investimento da Cáritas Portuguesa em medicamentos para doenças do foro mental é disso reflexo. «A seguir à ajuda para suporte da habitação, vem a ajuda para adquirir medicamentos e os mais solicitados são para casos de depressão.
É que, sabe? Às vezes, a pobreza, a falta de trabalho, não significa apenas a falta de dinheiro. Significa também faltar o estatuto social».