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30 novembro 2023
Texto de Telma Rocheta (WL Partners) Texto de Telma Rocheta (WL Partners) Fotografia de Eduardo Martins Fotografia de Eduardo Martins

Constantino, rei dos floristas

Em Torre de Moncorvo nasceu, no início do Séc. XIX, o florista da realeza.​​

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As suas origens estão envoltas em mistério, mas a vida foi grandiosa. Constantino, o “Rei dos Floristas”, como foi apelidado, teve uma vida digna de filme. Consta que terá sido abandonado na roda, em Torre de Moncorvo onde nasceu em 1802. Nesta versão, seria filho ilegítimo de uma jovem fidalga. Na juventude terá ido servir para casa do avô. Noutra versão, terá ficado órfão de pai e mãe e sido acolhido por frades franciscanos. Depois dos anos iniciais pouco claros, a vida de Constantino José Marques de Sampaio e Melo foi recheada de aventura, registada por vários testemunhos, incluindo em livro. 


Sabe-se que na guerra civil, entre 1982 e 1984, se juntou às tropas de D. Miguel. Num período nos Açores desenvolveu o gosto por arranjos florais. Com a derrota do candidato absolutista ao trono de Portugal, Constantino juntou-se a um núcleo duro de poucos homens que seguiram D. Miguel para o exílio em Génova. Aí começou a carreira internacional do jovem que acabou por assentar arraiais em Paris, onde arranjou trabalho numa florista. Constantino destacou-se na criação de flores artificiais. 


Em 1839 foi nomeado fornecedor da Casa Real de França. Uma das mais repetidas ‘anedotas’ da sua vida envolve a rainha D. Amélia (mulher de Luís Filipe I, rei de França). Conta-se que a rainha, fascinada com o trabalho do florista português, lhe encomendou um ramo de flores. Mas Constantino lançou um desafio e pediu à rainha que escolhesse entre dois ramos que lhe apresentara: um natural, outro artificial. D. Amélia preferiu as artificiais e justificou: «Estas são iguais, com a diferença que não murcham».


Já conhecido na alta sociedade, Constantino lançou a moda do uso da camélia na abotoadeira dos casacos dos homens. E em meados do século XIX passou a fornecer várias casas reais. Na Grande Exposição de Paris de 1844 arrecadou o primeiro prémio, proeza que repetiria na Exposição Universal de Londres de 1851. A sua fama não era desconhecida em Portugal e quando veio matar saudades à terra em 1850, foi recebido por Almeida Garrett. A rainha D. Maria II convidou-o para o palácio das Necessidades. Com uma fama já perdida nas nossas memórias, a toponímia de Lisboa honra-o sem que muitos transeuntes o saibam. O jardim Constantino, na freguesia de Arroios, é uma homenagem à sua memória.
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