Natural de Alcácer do Sal, Miguel Pacheco sofreu, em maio de 2019, um acidente de trabalho que lhe mudou a vida. A trabalhar na Holanda, como operador de máquinas Controlo Numérico Computadorizado (CNC), tais como tornos e fresas, em consequência do acidente, foi submetido à amputação do braço direito.
Quatro anos depois, reconhece que o uso de próteses - tem três - levanta desafios, os quais procura ultrapassar ainda hoje. «A utilização da prótese requer muito treino, prática e fisioterapia. E, no meu caso, ainda demorou alguns meses até conseguir uma, por isso, tive de adaptar-me e descobrir novas formas de viver a minha vida só com um braço», evoca o jovem de 30 anos.
Campeão nacional de paraciclismo em estrada e pista, Miguel é autónomo. Com espírito de perseverança, cumpre diariamente tarefas como conduzir, cozinhar ou limpar a casa. Admite que as próteses são um complemento, que, diz, «não substituem um braço, mas dão um apoio tremendo». «É importante encontrar formas de as utilizar no dia a dia, pois a verdade é que precisamos de tudo o que nos ajuda. Se as próteses existem é porque são um bem acrescido», afiança o paraciclista, confidenciando que «há, de facto, uma fase de negação, mas é preciso ultrapassá-la».
Protagonista de um percurso desportivo ascendente enquanto paraciclista, Miguel Pacheco atesta que, ao nível de competições desportivas, o uso de próteses? é uma preciosa ajuda. «Quando estou a competir, especialmente em pista, a prótese dá-me mais estabilidade».
Resiliente desde o primeiro dia, e sempre focado em reconstruir a sua vida, o paraciclista assume que passou «a ver a vida de outra maneira». «Sou uma pessoa mais calma. Faço o quero, sou feliz e não tenho um braço. Pode parecer estranho, mas é verdade».