O diagnóstico de colite ulcerosa aos 23 anos foi quase um alívio. Núria Nunes temia ter cancro do intestino. Esse medo nunca a abandonou e foi por isso que, depois de estudar nutrição para minimizar os sintomas da doença, decidiu fazer uma pós-graduação em nutrição e oncologia. «Sinto que estou mais sob controlo, porque consigo trabalhar na prevenção e, caso desenvolva cancro, que seja menos severo. Concilio o melhor de dois mundos com a alimentação», diz a nutricionista.
Núria sabe que a possibilidade de desenvolver um cancro no intestino é «muito grande». Por um lado, porque a doença inflamatória intestinal (DII) aumenta a probabilidade de um cancro colorretal, por outro porque a toma continuada de imunossupressores, a medicação que faz, também aumenta o risco. «Tenho aqui toda uma receita para o pior. Sempre que tenho uma crise ocorre-me: Será que é desta?».
A agravar o cenário, a alimentação que faz para manter controlada a colite ulcerosa é contrária às recomendações da prevenção de doença oncológica. «Recomenda-se a ingestão diária de 400 gramas de hortofrutícolas, ou seja, alimentos ricos em fibra, e esses são os alimentos retirados na DII», explica.
A nutricionista procura manter uma dieta alimentar adequada à sua doença, mas que, simultaneamente, ajude à prevenção do cancro. «Recomendo aos meus doentes que percebam qual é a dose que toleram dos alimentos bons para prevenir o cancro. Não podemos comer todos os alimentos ricos em fibras, mas podemos comer fibras, por isso vamos comê-las».