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7 abril 2018
Texto de Marta Xavier Cuntim (Psicóloga clínica) Texto de Marta Xavier Cuntim (Psicóloga clínica)

Os nossos filhos não são nossos

​​​​​O que fazer quando eles começam a namorar.

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​Na adolescência, e com o primeiro amor, começam a surgir novas e intensas emoções, paixão, ciúmes, medo, desilusões amorosas e outros sentimentos. Estas primeiras paixões fazem parte dos primeiros passos no desenvolvimento psicossocial do adolescente.

O primeiro amor nunca se esquece. A frase é provavelmente mais empírica do que romântica. O primeiro namoro surge geralmente na adolescência, na qual as mudanças características da idade fazem experimentar sentimentos novos e intensos e, por isso mesmo, transformam o primeiro amor em algo inesquecível.

Muitos pais angustiam-se e preocupam-se. Apesar de saberem que são experiências fundamentais, não conseguem tentar evitar que se magoem. Esta preocupação é uma forma de, eles próprios, se adaptarem a esta nova etapa dos filhos: deixam de ser crianças e passam a ser pessoas com vontades e desejos próprios. É importante que tenham noção de que nem sempre irão gostar do namorado ou da namorada mas é fundamental serem tolerantes e aceitar as decisões dos filhos.

Nos primeiros namoros, os pais não conseguem evitar angústias relacionados com as primeiras relações sexuais, gravidezes indesejadas, violência no namoro, ou de uma possível má influência para os filhos.

É fundamental que os pais tenham “a conversa” com os filhos e transmitam (ou recuperem) algumas informações, nomeadamente:

  • A importância dos métodos contraceptivos, tanto para evitar uma gravidez, como, e acima de tudo, para evitar doenças sexualmente transmissíveis. Pode ser interessante promover uma consulta de planeamento familiar.
  • Alertar para a violência no namoro. Tal como a violência doméstica, a violência no namoro faz vítimas rapazes e raparigas, por isso é importante falar com ambos e alertar para sinais mais evidentes:

– Violência física: empurra, agarra ou prende, atira objectos ao outro, dá bofetadas, pontapés e/ou murros, ameaça usar a força física

– Violência sexual: obriga o outro a praticar actos sexuais (sexo vaginal, oral, anal) mesmo quando aquele diz «não»; acaricia o outro (ou força carícias), sem que o outro queira

– Violência psicológica: parte ou estraga objectos, roupa, a maneira de vestir, controla o que o outro faz nos tempos livres, telefona constantemente ou envia mensagens, ameaça terminar a relação como estratégia de manipulação

– Violência social: humilha, envergonha ou tenta denegrir a imagem do outro em público, especialmente junto de familiares e amigos; mexe, sem consentimento, no telemóvel, correio electrónico ou na conta de Facebook, proíbe o outro de conviver com amigos e/ou com a família É importante que os adolescentes se reservem ao direito de dizer que não e sejam tolerantes para com os seus parceiros. 

O amor prepara para a vida

O primeiro amor na adolescência não é um problema na maior parte dos casos. Muito pelo contrário, é um passo fundamental para a construção de uma boa auto-estima, auto-confiança e desenvolvimento emocional que permita ao adolescente aprender a lidar com as emoções, gerir problemas e frustrações.

  • Não proíba o namoro.
Na maior parte dos casos apenas conduz a que o escondam. Esclareça que aquilo que o preocupa não é o namoro, mas situações como as descritas no texto anterior. Isto permite-lhe orientá-los e estabelecer um vínculo de confiança mais sólido com eles

  • Fortaleça a auto-estima.
É uma preocupação geral a influência que outras pessoas podem exercer sobre os filhos. Potenciar a autoestima e autoconfiança é a melhor forma de garantir que os seus filhos tenham assertividade e confiança para dizer não a uma ideia que lhes é prejudicial 

  • Responsabilidade.
Definir objectivos académicos e tarefas domésticas faz parte dos deveres do adolescente e não é por namorar que ficam isentos de os fazer. Condicionar saídas de casa, seja com o namorado ou a namorada, ou com os amigos mantém a disciplina na educação. Isto vai permitir que o seu filho ou filha possa começar a aprender como criar um equilíbrio funcional entre a vida pessoal e as responsabilidades do dia-a-dia. 

* Vossos filhos não são vossos filhos
Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos
pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis
fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os
dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados
como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica
com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa
alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.

Khalil Gibran​
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