As restrições impostas pelas medidas de contenção da COVID-19 levaram ao cancelamento da maioria dos eventos, com consequências significativas na vida de muitas pessoas. Para os atletas de alta competição a não realização das provas foi muito dura. «Não dá para compensar amanhã se o momento falhar ou eles falharem no momento», diz Fernando Pimenta, acrescentando que, para alguns, limitados pela idade, o momento era aquele. Não haverá outro.
Não é o caso do canoísta, mas as repercussões fizeram-se sentir na mesma. «No ano passado não houve competições, logo não consegui obter resultados. Não correspondi a objectivos e os valores alcançados não são iguais no fim do ano». Houve apoios que ficaram pelo caminho, mas o mais complicado foi gerir o medo. «Não sabíamos a gravidade do que estava a vir, por isso isolámo-nos uns dos outros. O que mais me custou foi o afastamento da família e amigos. Gosto de estar na esplanada a conversar com as pessoas, falar olhos nos olhos, e a pandemia trouxe essa ruptura», conta.
De resto, os treinos continuaram, «graças a uma medida muito justa do Governo, que autorizou os atletas de alta competição e em preparação para os Jogos Olímpicos a manter o trabalho, desde que respeitando as normas. Para nós foi mais fácil, pois é uma modalidade outdoor e individual. Os meus colegas de modalidades colectivas tiveram menos sorte».
Ainda assim, confessa, foi difícil treinar sem saber para quê. Mas a recompensa acabaria por chegar, em forma redonda de bronze, conquistada em Tóquio no ano passado, nos Jogos Olímpicos datados do ano anterior.