Defensor da investigação e evidência científicas, António Vaz Carneiro alerta para o perigo crescente daquilo a que chama de «ignorância militante», ou «uma atitude moderna anticientífica».
O Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa convoca a comunidade científica para melhorar a capacidade de comunicação com a sociedade. «Têm descobertas de uma enorme importância, mas não conseguem passar a importância dessas descobertas ou como é que aquilo foi feito».
Embora reconheça a dificuldade da missão, o professor considera-a fundamental para melhorar o nível de confiança dos doentes e da população em geral. E garante que, numa relação médico/doente moderna, é crucial informar os doentes. «Só assim podem surgir decisões esclarecidas».
O, também, director do Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública, sublinha o risco de as pessoas preferirem negar a evidência científica e seguir a intuição. E alerta para os efeitos catastróficos deste posicionamento na saúde individual e colectiva.
«Esta posição anticientífica está muito mais disseminada do que as pessoas pensam», avisa. Um dos exemplos citado pelo médico é o movimento antivacinal, que nega o modelo científico que demonstrou os benefícios da vacinação e imunização de grupo. E recorda o caso de ressurgimento de doenças como o sarampo na Europa e nos EUA, declaradas erradicadas há muitos anos.