O edifício onde A Barraca está instalada, no Largo de Santos, mesmo defronte do Tejo, «é um dos poucos espaços de Art Déco puro que existem em Lisboa», diz Maria do Céu Guerra, uma das fundadoras da companhia de teatro que nasceu em 1976, dois anos depois da Revolução dos Cravos. A propriedade que albergava o antigo Cinearte, construída em 1938, da autoria do arquiteto Raul Rodrigues Lima, está classificada como Imóvel de Interesse Público.
Desde 1990, é a casa de A Barraca, onde além de teatro, há concertos e recitais de poesia no café-concerto. Maria do Céu Guerra tem orgulho de ter sido já nas mãos da companhia que o edifício passou de espaço com uma fachada classificada para espaço classificado, «à custa de muito sacrifício nosso e muito estímulo dado às instituições». O edifício é propriedade da Câmara Municipal de Lisboa.
A atriz sonha ver A Barraca como «um teatro como há nas cidades civilizadas, velhinho, mas muito bem tratado, mimado, que as pessoas novas e velhas reconhecem como parte daquela pátria». São precisas obras no telhado, ventilação na sala 2, insonorização, melhorar as condições técnicas, detalha a atriz, que gostaria que as obras decorressem de forma faseada, sem implicar o encerramento do teatro. Assusta-a a ideia de regressar, anos depois, a um espaço completamente diferente. «Acho isso uma brutalidade», afirma. «Gostava de poder ir fazendo teatro, com cada vez melhores condições, com estes colegas que se têm aguentado e crescido aqui. As pessoas aqui entram e ficam e eu adoro isso».