Diagnosticada com pancolite ulcerosa em 2011, foi num acampamento organizado pela Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino, alguns anos depois, que Ana conseguiu, pela primeira vez, aceitar que a doença «não é uma sentença».
Ana recorda-se que, na altura, estava a sair de um internamento devido a uma crise provocada pela doença e teve receio de aceitar o convite. «Mas a própria médica disse que ia fazer-me bem e para não me preocupar, porque iam estar lá médicos, psicólogos e enfermeiros a tempo inteiro».
Quando chegou a Lisboa, acompanhada pelo marido, Ana teve oportunidade de se rever nas histórias de outros doentes portadores de doenças inflamatórias do intestino, alguns a conviver com a patologia desde tenra idade.
O medo dos efeitos secundários do medicamento biológico com que, nessa fase, estava a ser tratada, foi um dos primeiros a dissipar-se: «Foi interessante ouvir pessoas que já tomavam o biológico há mais de dez anos e faziam uma vida normal», comenta. «E outras que vivem com a doença desde sempre, nunca conheceram outra realidade».
A experiência foi essencial para ajudar também a família a lidar com a doença. «Foi muito importante para o meu marido perceber de que forma me podia apoiar», explica. «Em casa, o discurso dos meus pais passou de “não estás a conseguir comer nada” para “já conseguiste comer isso”».
Hoje, Ana não tem dúvidas da importância do trabalho da APDI no seu processo de aceitação e aprendizagem. Por isso, deixa um conselho: «Falem com alguém que tenha a doença, porque só eles entendem».