Se lhe perguntam o que é o fado, Gisela tem a resposta na ponta da língua: «Para mim, o fado são histórias da vida de toda a gente». E confessa que uma das coisas que mais a atrai é a simplicidade do género. Sem hesitações, chama-lhe «a música que vem do povo» e diz que, por isso, só faz sentido enquanto poesia simples – embora admita que o poema mais simples pode ser o mais complexo.
Quando canta quer chegar tanto à avó, que fez a quarta classe, como a um doutor que tenha viajado pelo mundo inteiro. «Porque o fado não é elitista. Não pode ser!», defende. E garante que cada um vai entender a poesia dentro da sua própria experiência, recordando um determinado momento da sua vida.
«Eu às vezes digo à minha equipa: “Já viram? Nós somos quatro gatos pingados em cima do palco e eu estou a dizer poesia que toca a tanta gente”», diz, em tom de brincadeira.
Romântica por natureza, a fadista assume que o papel fundamental da arte é fazer as pessoas sonhar. Nos concertos gosta que o público esqueça a correria do dia-a-dia e aproveite para sentir as emoções que a música lhes provoca.
Mas, para isso, é preciso parar. «E o género que eu canto e amo tem esse poder», solta, com orgulho.
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