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1 agosto 2024
Texto de Telma Rocheta | WL Partners Texto de Telma Rocheta | WL Partners Fotografia de Fábio Rosa | Fluidpix Studio Fotografia de Fábio Rosa | Fluidpix Studio Vídeo de Pedro Falé Vídeo de Pedro Falé

«Está nas nossas mãos definir o caminho»

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A Mónica sente, de alguma forma, que foi a voz da mulher traída?
O “Na Minha Cama com Ela” e o “Afinal Havia Outra” são o meu cartão de visita, em qualquer concerto. As pessoas querem ouvir essas canções. Mas esses temas já não definem a minha imagem porque tenho feito músicas que são o oposto, como “Caviar” ou “Diamante”.

As relações amorosas são mais alegria ou sofrimento?
Hoje em dia, está nas nossas mãos definir o nosso caminho. Quando começa a pesar a parte do sofrimento, é preciso tentar corrigir ou então seguir por outro lado. Numa relação tem de prevalecer a alegria, é claro.
 
Qual a importância que dá ao bem-estar emocional?
É determinante. O corpo não funciona de forma plena se, emocionalmente, não estiver bem. Aprendi a impor-me rotinas que não tinha.



Que rotinas tem?
Fazer meditação, ter tempo para mim, para os meus. Eu era muito acelerada em relação ao trabalho, e ainda sou muito viciada no que faço. Mas comecei a ter momentos definidos para estar com os meus pais, o meu filho, o meu afilhado. Nesta altura do verão, tenho o dia quase preenchido com música, é muito intenso, portanto sei que terei de compensar para me sentir bem emocionalmente. Tenho a sorte de ter uma estrutura familiar que me apoia. Passado uma semana de estarmos fora de casa, a andar em hotéis, vermos caras familiares e recebermos o mimo das pessoas é muito bom. E tenho de ter momentos para estar só comigo. Pode ser apenas a desmaquilhar-me com calma, mas a interiorizar que aquele momento é meu.

Como conseguiu entrar no mundo da música? 
Fiz audições para o grupo Onda Choc, não entrei, mas acabei por integrar o grupo Jovens Cantores de Lisboa, onde percebi que a música era a minha vida, o meu caminho. Comecei a cantar nas festas de Natal da empresa da minha mãe e nas reuniões de família. Aos 13 anos procurei nas Páginas Amarelas um produtor musical e marquei uma reunião em nome dos meus pais. Eles acharam imensa piada e foram comigo. O produtor disse que eu era afinada, tinha potencial e que podíamos gravar um disco.

Tinha dinheiro para produzir o CD?
O meu pai [que tinha uma oficina] vendeu uma mota, a minha mãe fazia horas extra na fábrica de confeção e vendia roupa. Fizeram uma "ginástica" enorme para eu poder gravar.

A sua família ainda está envolvida na sua carreira? 
A minha mãe é minha agente para a venda dos concertos. O meu pai acompanha-me sempre como espectador. O meu filho vai aos concertos perto de casa.


«Tenho saudades da camaradagem dos bombeiros, foi importante na minha formação enquanto pessoa»

Tem saudades dos tempos em que foi bombeira? 
Tenho saudades da camaradagem, acima de tudo. Foi uma altura muito importante para mim, na formação enquanto pessoa. Estive quatro anos nos bombeiros e aprendi imenso, fiz cursos, incluindo um de desencarceramento. Só tenho pena de nunca ter apanhado um parto. É um momento mágico, de grande responsabilidade.

O que a fez deixar os bombeiros?
A dificuldade de conciliar com os concertos. Os bombeiros são mais necessários no verão, altura em que eu quase não aparecia. Percebi, também, que ajudava menos do que pretendia: já era reconhecida, entrava nas urgências dos hospitais e as pessoas paravam para pedir autógrafos. Às vezes ia com doentes numa maca e explicava que não podia. Acabava por ser acusada de antipática.



Quais foram as suas maiores batalhas?
A minha grande batalha é do conhecimento público, tem a ver com os distúrbios alimentares. Aliás, escrevi um livro sobre o assunto ["A Um Passo do Abismo", de 2008]. E não posso dizer que a venci, porque todos os dias a travo.

Como foi esse processo de ter anorexia e bulimia? 
A privação de comida foi acontecendo. Inicialmente, achava que era uma mania das dietas, até ter restringido as minhas refeições a maçãs e gelatina. Depois tive de viver de forma dúplice: ora não comia, ora comia demais e às escondidas vomitava. Cansava-me imenso guardar este segredo. Acredito que, mais do que escrever o livro para ajudar os outros, fi-lo para me libertar e poder contar a algumas pessoas próximas.

Ainda sente dificuldade em encarar o seu corpo? 
Tenho dias. Quem tem distúrbios alimentares nunca fica impecável. Toda a gente lida com comida pelo menos três vezes por dia e, portanto, há um esforço mental constante. Há sempre duas Mónicas a lutar uma contra a outra, mas estou francamente bem e sou devidamente acompanhada.

Como é a sua alimentação?
Como quase de tudo, exceto produtos lácteos, e em casa não como alimentos com glúten. Quando saio por um dia levo as refeições comigo. Passei por uma mudança de mentalidade, tenho de pensar no que me faz bem e pôr isso em prática. É como o exercício físico, de que nunca gostei, mas quando vou sinto uma energia redobrada. Não faz sentido ter essa informação e não a usar.



O que faz para cuidar do seu corpo e manter a energia?
Quando somos mais novos achamos que a energia acontece. Bebe-se mais um café e vamos levando a vida. Depois começamos a perceber que a cafeína tem um efeito pontual e que o nosso organismo precisa de outras coisas. Para mim, que tive uma alimentação mal gerida, é ainda mais importante. Tomo vários suplementos: colagénio, magnésio, zinco, vitamina B12. Tenho uma nutricionista e um médico que me acompanham neste processo.
 
Há alguma farmácia onde vá habitualmente? 
Vou a uma perto de casa, em Mem Martins. É uma relação muito próxima e de aconselha​mento, gosto de estar à conversa com os farmacêuticos. Neste momento estou a viver na mesma rua onde vivi com os meus pais entre os oito e os 13 anos. Portanto, as pessoas da farmácia, as senhoras do café, as minhas vizinhas, viram-me crescer. É muito giro ver agora o meu filho lá com a mesma idade que eu tinha.
 

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