RS - Então na próxima edição do "The Voice" vamos ver outro Vasco Palmeirim…
VP - A nova temporada começa agora em Julho, vamos lá ver.
RS - Imagino que a pergunta que lhe fazem agora é: «E o próximo?»
VP - Claro! Mas ainda não pensamos nisso. Ainda estamos a viver este momento, tão novo e com tantas mudanças. Obviamente, quando vejo bebés mais pequenos (e o Tomás ainda é pequenino, nasceu só em Dezembro), pegamos ao colo e pensamos: «que levezinho que é, tão pequeno», e fico com vontade de ter mais. Mas ainda é cedo.
RS - Falando em crianças, era na rádio que sonhava trabalhar quando era mais novo?
VP - À medida que fui crescendo, fui gostando, cada vez mais, de comunicar, de falar. Até de apresentar trabalhos na escola eu gostava! E pensei que comunicação era o caminho a seguir, mas com a ideia de fazer televisão. Nunca tinha imaginado a rádio. As primeiras coisas que me fizeram pensar «eu gostaria de fazer isto» foram os talk shows televisivos do Conan O’ Brien, que via através da parabólica da minha avó, antes de haver TV Cabo. Depois, na faculdade, fiz a cadeira de comunicação radiofónica e adorei! No final, o professor convidou-me a estagiar na produção do programa da manhã, para fazer textos de humor, na então Mega FM, hoje Mega Hits. A minha primeira pergunta foi: «Temos de lá estar às 7 da manhã?» E ele disse que não, que podíamos deixar tudo preparado com antecedência, o que me tranquilizou. (risos)
RS - Esse foi o grande ponto de viragem…
VP - Sim, foi em 2002. Fiquei na Mega FM até 2007 quando, nas férias de Verão, o telefone tocou e era o Pedro Ribeiro, director da Comercial, a dizer «eu quero fazer da Rádio Comercial a mais ouvida de Portugal, tenho um plano, e tu fazes parte desse plano, tens um papel principal». Pensei e aceitei, e já lá vão quase 10 anos.
RS - E agora, quais são os seus projectos?
VP - Não costumo pensar no que falta fazer. Gosto muito do que faço, estou muito satisfeito com o meu percurso, tanto na rádio como na televisão. Tenho a sorte de poder dizer que nunca fiz nada em televisão que não me apetecesse fazer, com que não me identificasse. E isso é muito bom! Gostava muito de, um dia, ter um talk show televisivo. Mas, se nunca o fizer, também não fico triste.
RS - E depois há a música. Escreve, faz espectáculos, mas não se considera músico…
VP - É uma forma de crítica social, mas sobretudo de humor. Tenho feito cada vez menos porque não quero que seja algo banal. Há pessoas que me escrevem a pedir uma música e respondo que não. Quero que seja surpreendente, que haja expectativa e, especialmente, que as pessoas não se fartem.
RS - Até porque a música está-lhe no sangue. O pai é músico, a mãe bailarina. Alguma vez pensou numa carreira artística?
VP - Não, nunca. O que gostava em miúdo era de desporto, joguei ténis e futebol durante muito tempo. Sempre fui mais virado para o desporto do que para as artes. Quando soube que ia ser pai pensei «o que é que eu quero mostrar ao meu filho?». Hoje, o miúdo tem sete meses e já ouviu muita coisa boa: já lhe mostrei The Beatles, U2, Rolling Stones, Deep Purple… A música sempre esteve nos meus genes e agora passou para os genes do Tomás.
RS - E depois há o humor que é transversal na sua carreira… É muito difícil fazer as pessoas rir?
VP - É muito complicado, sem dúvida! Gosto muito de fazer as pessoas rir e consigo ver humor em tudo na vida. Aliás, o que costumam dizer é que o difícil é falar comigo a sério. É algo que não consigo evitar.
RS - O humor é um bom antidepressivo?
VP - Completamente. A vida, por vezes, não é fácil e saber que podemos ajudar em momentos menos bons é excelente. Já aconteceu, por exemplo, dizerem-nos «vocês conseguem fazer-me rir quando vou a caminho da quimioterapia». É muito forte! E nós, muitas vezes, nem temos essa noção. Estamos fechados no estúdio, a dizer umas piadas, e nem nos apercebemos que podemos ser um bálsamo na vida de muitas pessoas.