Farfetch - A empresa dos mil milhões
É um negócio português avaliado em mil milhões de dólares. O segredo? Com uma organização matricial – a casa-mãe é em Guimarães, a Farfetch, empresa que serve de ponte entre peças de roupa de alta-costura de 400 boutiques de todo o mundo e o cliente final, através de uma plataforma online, aposta fortemente em programação, desenvolvimento de software e gestão de stocks.
Desde 2008, ano em que foi lançada no mercado, a empresa de distribuição de moda de luxo está a crescer mais de 100% ao ano. Só em 2015 facturou cerca de 450 milhões de euros. O objectivo é tornar-se, dentro de dois anos, líder mundial no comércio online de lojas de designers.
Com escritórios abertos em Londres e Portugal – em Guimarães e Leça do Balio, perto de Matosinhos, onde está a base de operações – a Farfetch tem já espaços em sete países, garantindo uma audiência global.
Além de Portugal e Inglaterra, está representada na China, no Japão, na Rússia, no Brasil e nos Estados Unidos, país líder de compras online dos produtos da empresa. Estes escritórios permitem vendas para 186 países.
Aos EUA, segue-se o Reino Unido, Hong Kong, Austrália, Alemanha, República da Coreia, Brasil, Federação Russa, França e China como principais mercados dos 120 mil produtos de 1990 marcas disponibilizadas no site.
Para se ter ideia do potencial de crescimento da empresa, só em Portugal trabalham 512 pessoas das 1.100 que emprega em todo o mundo. E as perspectivas são mais do que animadoras: no final do ano, a empresa terá aumentado o número de colaboradores para mais de 700 no país, absorvendo o conhecimento que sai das nossas universidades.
Estruturada entre serviços de desenvolvimento da plataforma, serviços financeiros e gestores de contas das lojas associadas, bem como uma parte do serviço ao cliente, todos em Leça do Balio, parte do segredo da Farfetch reside no investimento no bem-estar das pessoas que aqui trabalham, com uma média de idades de 30 anos.
Além do ambiente descontraído na empresa, onde se vêem mesas de pingue-pongue, sofás em espaços comuns para reuniões informais, e o escorrega que serve de alternativa às escadas que ligam os dois andares do enorme open space, diariamente a Farftech oferece aos colaboradores o pequeno-almoço e sopa. Às terças e sextas, oferece também almoços temáticos.
E, num espírito de melhoria contínua, tem vários pilares que lhe servem de base de crescimento: “Be human”, “Think global”, “Be brilliant”, “Be revolutionary” e, em bom português, “Todos juntos”.
Ten to Ten – A loja do bairro
A proximidade é um dos segredos do sucesso da Ten to Ten, empresa de distribuição alimentar que espera ter, até ao final de 2016, nove lojas estrategicamente abertas em bairros lisboetas.
Desde que abriu o primeiro supermercado em Telheiras, Lisboa, em Setembro de 2009, foram inaugurados mais dois em apenas seis meses: um no Alto dos Moinhos, Lisboa, outro em Cascais. A filosofia é idêntica em todos: apostar em produtos nacionais de pequenos produtores e apostar na proximidade, conceito este que foi muito inspirado nas farmácias, conforme confessam os sócios Pedro e Beatriz Capaz. «Quisemos ser a loja do dia-a-dia, estar presentes nos bairros», diz Pedro.
O desafio era grande, continua. Quando a Ten to Ten surgiu, «o comércio tradicional estava a definhar, sem capacidade de inovação e de gestão. Não havia pequenas cadeias de distribuição alimentar. Se acreditássemos que era possível mudar isso, introduzindo um conceito com inovação, com produtos que as pessoas pretendem, a preços acessíveis, alterando hábitos e levando as pessoas a economizar, comprando apenas os produtos que utilizam e gerindo, assim, melhor o seu orçamento, teríamos sucesso». Têm.
“Poupe na hora, ganhe no tempo” é o lema das lojas Ten to Ten, cujo nome remete para o horário de abertura: das 10h da manhã às 10h da noite – sete dias por semana. Estes factores, juntamente com a valorização dos produtos nacionais e o acesso a pequenos produtores sem escala, mas com vontade para colocar os seus produtos nas grandes superfícies, granjearam, logo desde o início, «uma boa adesão» nos bairros em que a Ten to Ten está presente.
O objectivo agora é solidificar o que foi conseguido. Quanto aos clientes, «podem esperar ter frescos realmente frescos – a carne e o peixe por exemplo, são sempre do dia, e todos os produtos líderes de mercado». Mas «se quiser uma coisa diferente, nós também temos», assegura Pedro Capaz.